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domingo, 29 de abril de 2012

Eu o encontrei... De novo. Ou ele me encontrou?



Passos pesados vinham do fim da rua, latidos de cachorro e uma escuridão assustadora rondavam a minha casa, do meu quarto eu tentava imaginar o que estava acontecendo lá fora.  No entanto, existiam coisas que eu tentava descobrir dentro de mim e essas me perturbavam mais que qualquer coisa. A solidão vinha a fazer parte do meu cotidiano, a falta de motivação tinha se tornado um verdadeiro obstáculo, tinha feito do vazio que habitava em mim uma terceira perna, com ela me encontrava estável. Mas a presença de algo inominável fez com que essa terceira perna se destruísse e a cada passo que eu dava as minhas pernas tremias e meu coração acelerava, eu podia cair a qualquer momento.
Me perdi no meio desses pensamentos e quando me dei conta estavam batendo na porta, me assustei e fui ver quem era, da minha janela eu não via nada, apenas a chuva forte. Perguntei quem era e ninguém respondeu, quem teria batido? Não era hora de brincadeiras, alguém queria algo de mim e eu sabia disso. Caminhei para o meu quarto e quando vi estava lá quem tinha batido na porta, era um cara chamado ‘amor’, ele veio falando que eu tinha deixado ele de lado e que não sabia mais o que ele significava. Não nego, eu o havia deixado a muito tempo atrás, eu o tinha expulsado da minha vida.
“Eu senti saudade” – disse ele.
“Eu não, pode ir embora” – respondi.
Eu não o queria de novo, como se já não bastasse todo sofrimento que tinha vindo antes, como se eu ainda quisesse me por a prova de tudo que pode vir. Meu coração não era mais tão frágil, ele tinha deixado de apanhar e agora só fazia a sua função: Bater. E me deixar viva, consecutivamente.
“Você sabe que precisa de mim” – ele insistia nessa história.
“Não, eu preciso de paz, e quando você estava aqui ela se escondia.” – resmunguei.
“Às vezes o amor traz dor, admito, mas às vezes ele também traz tudo que você procura e que te faz feliz.” – ele continuava a falar.
“Eu não quero essa felicidade. Me deixa.” – eu já estava com um nó na garganta.
Virei de costas e comecei a chorar, sentia sua falta, precisava da tua presença, mas tinha medo do sofrimento. Entre soluços, com as mãos no rosto e banhada de lágrimas, senti um frio inesperado, e ao mesmo tempo uma proteção. Eu tinha esquecido de como era bom tê-lo comigo. Ele me abraçou e passou a noite assim, com seus braços sobre os meus ombros. Eu dormi e ele continuou acordado, quando acordei ele estava me olhando e sorrindo, e disse:
“Eu esperei por essa volta, eu planejei, e ela aconteceu como eu tinha imaginado.”
Olhei pra baixo desconcertada, e ele continuou:
“A partir de hoje, nunca mais te deixarei, mesmo que você me implore. E eu juro, não deixarei mais você sofrer.”
"Me desculpe" – E o abracei. De novo. E ele sorriu.


Naianara Barbosa Melo

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