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quinta-feira, 29 de março de 2012

Tudo que um dia pensei, enfim acabou.


Eu tenho 17 anos, 3 meses, 26 dias e em todos eles eu tive pensamentos que guardei só para mim. Pensamentos que me confundem, sinceramente. Caminhando por uma rua de barro, um sol escaldante, um leve sopro de ar puro que me aliviava e me reconfortava, me via pensando na vida. Minha vida andava tão bagunçada ultimamente que só ao pronunciar essa palavra meu coração já disparava. Continuei caminhando e tentando entender meus pensamentos, até que vi um jardim repleto das mais diversas flores. Flores essas que mesmo sendo parecidas, eram únicas. Quem sabe se a tal vida não tem uma relação com as flores? O corpo, algo singelo, sutil, por mais que resistente, e a alma, com toda sua essência, acaba refletindo tudo que esta no interior, tudo que escondem, tudo que guardam só pra si. O rosa de algumas das flores que estavam ali presentes me passavam uma intensidade, e por vezes uma tranqüilidade, um amor puro. Já o vermelho das rosas me energizavam, faziam o meu sangue correr forte e o meu coração disparar angustiadamente. Eu me lembrava de você, mulher. O meu eu te chamava pra estar junto a mim. Teus cabelos pretos voavam e exalavam o perfume das rosas, aquele perfume que eu estava sentindo naquele momento. Por isso lembrei-me de ti, tudo que é simples e encantador me faz pensar em ti. De repente tudo ficou branco na minha cabeça, as flores sumiram, a estradinha de barro sumiu, tudo. E a imagem do nosso casamento me veio em mente. Tínhamos planos, tínhamos desejo, tínhamos tudo. Menos amor. Não, esse você não tinha. A minha felicidade na sua presença era arrasadora, era tão falsa que me machucava por dentro. Até que entendi, era o fim de um dos meus sentimentos mais puros. Era a morte de toda falsa esperança que habitava no vazio do meu peito, que sobrevoava o vácuo de toda ausência assustadora que em mim existia. Num piscar de olhos me vi parado em frente ao jardim ainda, as flores levemente balançavam com a pequena brisa que passava. Virei e continuei andando por aquela estrada, me sentindo completamente novo. Tinha tirado um peso de mim, mas outros mais vieram para me perturbar. Sim, naquele dia as nossas almas tinham se separado...

Assinado, aquele cara.


Naianara Barbosa

domingo, 25 de março de 2012

Amarelo



Amarelo. De todas as palavras, eis a que nos resume. De todas as cores, eis a que nos representa. Amarelo, como o sol que irradia tudo de bom que tem para nós, como a mais linda das margaridas, como tudo que há de belo. Somos assim. Tu és assim, e me ensinou a ser. Por isso faço de ti o meu refugio, o meu exemplo de vida. Por isso faço de ti a mais importante de todas as criaturas. Faço de ti a minha mãe.
Caminhando por todas as esquinas, olhando todas as vitrines e procurando algo que não o tenho, ou acho que não o tenho. Talvez já o tenha. Mesmo assim sigo repleta de sonhos, e de vontades. Uma delas é não deixar. Não te deixar. Não nos deixar. E que continuemos seguindo assim, sorrindo para tudo que há de mais si
mples, porém, de mais belo. Como o nosso amor. Belo, sincero, doce como caramelo... És tu, Vânia Melo, o tom mais sublime do amarelo.



Vânia Melo s2


Naianara Barbosa

...


Reticências... Existe coisa pior? Com o ponto final você se contenta que acabou, mas com os três pontinhos não, ele acaba com você. Três pontinhos que tiram sua paz... Que te corrói e vai te matando aos poucos, com aquela dorzinha chamada curiosidade. Três pontinhos, apenas, faz você pensar em todas as possibilidades de um final surpreendente, e acaba que você não encontra nenhum que seja maior que essa fina e dura vontade de saber qual o verdadeiro fim...

Naianara Barbosa

Senhorita



Parecia até filme
Aquele quarto vazio
E os pensamentos voando, voando
E morrendo no frio

A escuridão que sonda
Anda, manda, desmanda
Acalma, atrasa, trava
Clama, grita, canta

O vazio acaba se enchendo
De lagrimas e sentimento
Esvaziou-se, a porta abre
Você entra, chega, invade.

Escondo o sentimento
Fecho-me por dentro
Abraço-te e sinto
O que procuro a cada momento.


Naianara Barbosa

Sua camisa. Seu cheiro. Sou sua.


Uma vez você me deu uma das suas camisas prediletas. O seu cheiro estava tão presente nela que eu me sentia abraçada por você só ao vesti-la. Até que você se foi. Nada me restava de ti além da sua camisa, além de algumas das suas coisas que eu guardava e das lembranças que eu tinha.
Cá estou eu agora me lembrando de você. Deitada no seu lado da cama, com a cabeça sob o teu travesseiro, teu calor em mim por meio do teu cobertor e tua proteção presente na sua camisa, aquela que você me deu... que te mantém por perto. Teu cheiro está saindo da camisa. As cinzas dos teus cigarros estão indo embora com a brisa que passa no fim da tarde. A janela do apartamento fica sozinha, todos sabem que só você passava horas nela olhando para o céu. Será que você está lá agora, meu amor? Será que você é aquela estrela, a mais brilhante, que me chama toda noite. Aquela que sussurra o meu nome e me dá boa noite desde o dia em que você se foi.
Já se passaram cinco meses e o seu cheiro ainda está aqui. Esta sumindo, se acabando. Esta ficando mais fraco a cada dia, mas mesmo assim eu ainda o sinto, e a sensação de estar contigo toma conta de mim toda vez. Eu acho que no fundo, mesmo que eu não fale... eu o amo. Eu sempre o amei.


Naianara Barbosa

sexta-feira, 23 de março de 2012

Aconteceu...


Se eu soubesse eu teria te ouvido antes, todos os conselhos que você me dava e que eu não prestava atenção... como eles me tem sido uteis. Todos os ensinamentos, táticas, jeitos e maneiras de levar a vida, tudo que você um dia me ensinou tem sido usado agora. Só não entendo porque não te dei ouvido antes, essa é a pergunta que mais me machuca. Hoje eu poderia te agradecer pessoalmente, poderia falar isso tudo olhando nos seus olhos, mas não é mais possível.
Vez ou outra ainda acho que você está em casa no seu computador, com aqueles óculos marrons amarelados, a camisa pendurada na cadeira, e o jogo Paciência aberto. Sim, agora eu jogo ele só para lembrar de você. Mas as lágrimas descem a cada vez que chego lá, com um sorriso no rosto achando que vou te encontrar, e encontro tudo vazio. Sua camisa pendurada, seus óculos na estante do computador, seu travesseiro ainda amassado, sua sandália no canto da parede e atrás da porta a sua bermuda bege. Tudo no mesmo lugar, como você gostava. Mas falta você. Falta o teu sorriso, as suas piadas, o teu jeito de falar comigo, as tuas brincadeiras, o teu amor. Falta o teu coração junto do meu.
Só ao lembrar de ti meu coração aperta e chora, chora de saudade. Nunca pensei que sentiria tanto a falta de alguém, eu sempre me preparei para o momento em que deixaria de conviver com algumas pessoas, mas você... eu não consigo, ! Eu choro toda vez que entro no teu quarto, que vejo suas fotos, que penso em como nos divertíamos juntos. Tínhamos uma cumplicidade jamais vista. Você me contava seus problemas, desabafava comigo.. Eu chorava com você e te fazia sorrir como criança. Éramos tão felizes.
Eu acho que isso é o verdadeiro amor. É mesmo longe, imaginar perto. É sentir falta e saber que não vai mais revê-lo, e mesmo assim continuar amando com todas as forças. Mesmo assim mandar sms pro celular, de bom dia e boa noite, é pensar em tudo de bom que viveram e lamentar por todas os desentendimentos, e pedir desculpas mesmo sabendo que você não irá ouvir. É olhar pro céu, e saber que você está lá, e que olha pra mim todo o tempo.
Sempre que podia você me dizia que me amava, me abraçava, me beijava, me carregava e me contava histórias vividas. Sempre que não podia, você me ligava e eu atendia mesmo assim, só para ouvir sua voz e rir com você por dois minutos. Sempre que dava estávamos juntos. E agora, sempre olharei para o céu e lembrarei de você. Porque o nosso “sempre” nunca vai ter fim.

José Carlos Pitanga de Sant’Anna, eu te amo.

Naianara Barbosa

terça-feira, 20 de março de 2012

Espelho da alma


Me olhei no espelho e vi no fundo dos meus olhos você sentada, me olhando com um ar indiferente, com um certo medo. Quem eu tinha me tornado? O que eu estava fazendo da minha vida? Me vi perdendo pessoas, perdendo coisas, perdendo os sentidos, simplesmente por estar fazendo coisas que eu achava que eram certas. Mas o que é a coisa certa, afinal? Estar bem por um momento e depois se deparar com essa cena? Com teu olhar me negando e seu corpo se afastando? Não era isso que eu queria. Fechei meus olhos, segurei o choro, pensei em você. Nada cabia no que eu sentia, nada vinha a trazer calma no que eu passava. Dias e noites pensando no que fiz, mas não se pode mais mudar tanta coisa errada. E o que eu tanto disse que não seria, foi o que eu acabei me tornando. Trocando pessoas por momentos, amizades por bebidas e amores por festas. E agora, ouvindo nossa musica me vejo o quão inconseqüente fui, a ponto de te deixar ir assim, sabendo que precisaria de você. Eu me sentia tão bem contigo, e por futilidades me vejo agora na imensa e dolorosa solidão, que me cerca. Seu nome passa por minha cabeça e eu sinto um nó na garganta, e eu me pergunto porque a vida é assim. Um único ato e as conseqüências serão vistas claramente. Hoje eu sei realmente o que importa de verdade, mas você não vai acreditar. Você ainda me julga pelo que eu não sou mais, e vivendo nesse mundo louco vou passando por todas as esquinas e não te encontro em nenhuma. E mesmo passado 3 anos, a cada vez que me olho no espelho eu te vejo sentada, olhando pra mim...

Naianara Barbosa 

Acabou, então.


Eu sei que voce não ta nem ai pra mim. Mas naquele dia dissemos que continuaríamos amigos, lembra? E ai nos afastamos. Eu pensei que assim como você me "esqueceu", eu também poderia em um ou dois dias me acostumar a viver sem você, mas sempre que percebo... eu estou pensando em você. Ao ver horas iguais é o seu nome que me vem a cabeça, ao ouvir a palavra amor é no seu nome que eu penso, quando ouço musicas é em você que eu penso. E nada pode ser tão ruim quanto isso, continuar tentando uma amizade que seja, e não ter nada. Você desistiu de nós. E hoje ouvi uma musica que falava “procuro um amor que seja bom pra mim”, e adivinha... eu pensei em você. Não sei porque, mas você continua sendo o melhor pra mim, continua sendo a melhor parte de mim, é você que tem o meu sorriso mais sincero. Mas você não quer mais nada disso, eu sei, eu sei. Que posso fazer? A musica continuava e me perturbava, seu nome me machucava, sua voz me torturava, seu olhar me condenava e sua indiferença me matava. Corroia parte por parte do meu corpo e ia arrancando de mim tudo de mais sincero que existe. Você tinha ido e levado tudo contigo, por mais que não soubesse. Logo você, que eu venci meu orgulho milhões de vezes, que eu evitei brigas, pessoas e lugares, logo você por quem eu fiz os maiores sacrifícios. Logo você não fez nem metade disso por mim. Hoje percebi que já se passaram dois meses e eu ainda continuo te buscando em todas as pessoas, mas não acho. Dois meses, sessenta dias, mil quatrocentos e quarenta horas... e eu sentindo sua falta. Não, você não sumiu! Eu ainda tenho o seu numero, você ainda fica online todos os dias nas redes sociais, mas não nos falamos. Logo nós dois... tinha mesmo que ser assim? Eram tantos planos, tantas conversas e agora nem nos falamos mais. Eu te pergunto, você ainda pensa em mim? Você sente minha falta? Só me diz isso. Porque no final das contas, que importa se só um correr atrás? Quando um não quer... não tem mais jeito. Não tem briga, não tem insistência, não tem apelo que seja suficiente. Quando um não quer, tudo acaba.

Naianara Barbosa


segunda-feira, 19 de março de 2012

O último enviado


Eu estou ouvindo... Milhões de vozes ecoam dentro da minha cabeça e todas dizem a mesma coisa. Sinto que a cada passo que dou, estou mais perto dessas vozes, no entanto, elas continuam longe. Tive que me afastar de todas as pessoas, e seguir para um novo mundo, destinada a encontrar outras pessoas que um dia fizeram parte do meu cotidiano e se perderam no meio do caminho. Sim, elas também tentavam encontrar de onde vinham essas vozes, também sentiam no seu corpo o quão era preciso encontrar o caminho que levava até essas vozes, mas se perderam. Eu sou o sétimo, o último que pode ouvir as vozes, o ultimo que será enviado a fim de encontrar os outros seis. E se eu me perder também? E se eu acabar desistindo? Não sei o que estar por vir. Não sei para onde vou, existem milhares de caminhos.
Duas semanas e vi que o que tem aqui não é tão pior quanto imaginava, mandaram-me com uma alma repleta de poder e tudo que esta contra mim é abatido aos meus olhos. Mas e os outros? Não os encontrei, não sei por onde podem estar, estou disposto a encontrá-los, no entanto procuro numa vastidão de quilômetros e não os acho, nem os sinto, nem os ouço. Suas vozes sumiram, seus poderes acabaram, estão incomunicáveis. Estou numa guerra. Existem inimigos que eu não sabia, de sete eu consegui destruir seis, falta um. No entanto, soube que o meu irmão também foi mandado, porque não o sinto? Preciso vê-lo. 
Mas não o verei, ele se foi, assim como os outros. Samuel o matou, ele matou todos os seis.
Cá estou eu, frente a frente com o ultimo dos meus inimigos. Samuel. O olhar frio dele me dá arrepios, mas eu sei que essa luta já esta cravada e eu tenho que terminá-la. Dei tudo de mim para que ele fosse o ultimo destruído e que assim a minha missão estivesse cumprida, porém uma coisa não estava nos meus planos. As suas ultimas palavras foram: “Não quero lutar com você. Nos impuseram regras e temos que segui-las, mas elas não fazem o menor sentido. Você veio atrás dos outros e nada encontrou, eu também vim e nada do que eles me disseram eu encontrei. Eu me libertei, eu sou livre para fazer o que quiser, e você ainda esta nesse mundo porque? Você me conhece, eu não vou te matar como fiz com os outros. Eu matei todos os cinco, restam eu e você. Eu matei Samuel. Eu te amo como um irmão, eu te ensinei tudo que você sabe, DIGA O MEU NOME!” “Miguel...”, sussurrei. Não acreditava que o meu irmão tinha matado todos. Fui consumido por um ódio ardente e todos os passos que dei em direção a ele eu saberia que seriam os últimos, não podia deixar ele ficar daquele jeito, o que ele tinha se tornado? E então eu o matei. O sexto enviado. O meu irmão. O ultimo dos meus inimigos.
Apesar disso não me via como esperava, eu estava sem o meu irmão. E no alto de um prédio olhei para baixo e vi que nada podia ser tão doloroso quanto a morte. De costa para a escuridão assustadora, no alto da grade que cercava a torre mais alta do prédio, braços abertos, a chuva molhando todo o meu rosto e me deixando pesado, o coração batendo fraco, o sangue correndo forte... Tudo isso em um segundo, até que me deixei cair. Cair era a ultima coisa que um anjo poderia fazer. Sem asas, não teria mais para onde ir, era o fim. E agora a voz ainda ecoa na minha cabeça enquanto caio, mas pela primeira vez, é a minha voz que eu ouço. Eu desisti. Me perdoe.

Naianara Barbosa 

sexta-feira, 16 de março de 2012

Fica aqui, Zé



Me desculpa, Zé. Por todas as vezes que eu não te dei atenção, te deixei de lado, te cobrei muito e não te dei nada em troca. Dessa vez não vim desabafar com você, nem pedir conselhos, nem ajuda, só queria que você soubesse que eu fico mal comigo mesma toda vez que nos desentendemos. Meu coração aperta, pede pra você aparecer logo e não me deixar só, grita seu nome na esperança de você ouvir e vir correndo pra me abraçar e dizer o quanto gosta de estar comigo. E ele fica batendo fraquinho, baixinho, triste, chorando e te esperando, esperando o momento em que você baterá na porta e ele sairá correndo pra abrir e te abraçar, e não te largar nunca mais, só por estar protegido com aquele abraço. Não queria te fazer mal, nem te ignorar, nem te tratar friamente, mas é que eu não sou 100% gentileza, você me conhece. Quando me ver assim, não para de falar comigo não, não me deixa sozinha, pode puxar assunto, pode gritar comigo, pode falar besteira, pode me xingar, pode tudo... Mas não me deixa sozinha, porque é disso que tenho mais medo, da solidão que anda me cercando toda vez que você não está por perto. O que posso fazer se a melhor parte de mim sempre foi você? Por mais que eu brigue e não queira saber de você, insiste, porque eu só quero isso, só quero que você insista, só quero que você me ame...

Naianara Barbosa

Realidade ou mentira?



O que é realidade? O que você entende por real? Sob uma pedra no alto do morro ele pensava no que vinha a ser real em sua vida. Era uma farsa, talvez. Tantos amigos e nenhum que ele podia contar o que estava sentindo. De que adianta então ter fama, dinheiro, roupas e sobrenome se o que realmente importa ele tinha bem longe de si? Eis que o maior dos desafios estavam lançado, procurar a esperança e vontade de continuar mesmo sem ninguém, mesmo sem motivo. Tudo que um dia ele achou ser um sonho, acabou trazendo todos os monstros dos seus piores pesadelos para perto. Tudo que lhe cercava vinha a ser uma mentira e nada mais o satisfazia, eram tantas as perguntas que lhe viam a cabeça. Até que por um momento sentiu algo úmido, frio e estranho na sua pele e se deu conta que, sim, estava chorando, por não saber o que fazer. Ia anoitecendo e sua cabeça estava longe, tentava se tirar  daquela vida e se imaginar num lugar onde teria paz, mas tudo que lhe vinha a cabeça era o quanto as pessoas esperavam dele, simplesmente por ter o que todos queriam. Por mais que ele tentasse parar, as lagrimas escorriam e sua camisa já estava molhada. O céu estrelado, poucas nuvens, e ele sentado na tal pedra, que vinha ser sua única companhia durante o dia. O tempo era o que ele menos se preocupava, sem qualquer meio de comunicação, queria estar em paz consigo mesmo, mesmo que só por um dia. E no meio de tantas lágrimas ele sorria, pois sabia que aquele sim era o garoto que ele queria ser, o que ele gostava de ser. Estava cansado de usar máscaras e fórmulas para agradar os outros. Mas seu mundo era totalmente diferente daquele em que ele se encontrava. Ouvia o som dos pássaros e pensava em como seria bom se pudesse simplesmente abrir suas asas e voar para qualquer lugar, qualquer espaço, evitando assim tudo que te faz mal. E continuou assim, indo para aquele lugar, sentando naquela pedra e sorrindo para o sol por dias e dias, apenas para sentir um alivio, apenas para tirar aquela capa que ele colocava diante da sociedade, apenas para ter um momento feliz no seu dia, apenas para ser quem ele era.

Naianara Barbosa 

Cólica


O corpo se contorce, as lágrimas descem e o seu único desejo é que passe logo. Seus olhos se fecham, se apertam, tentando fazer a dor passar. Nenhum lugar está bom, seu humor é zero, sua vida parece estar acabando. É sério, até a luz branca no fim do túnel você vê. Os palavrões nunca são suficientes e você não quer falar com ninguém. O incrível é que todo mês é a mesma coisa. Isso? É só uma cólica

Naianara Barbosa

Não deu


Eu tentei esconder, me afastar, esquecer, negar o amor. Mas não dá. Você me marcou com o teu nome, e todas as vezes que olho pra ele, vou lembrar de você, de todas as conversas, de todos os risos e sorrisos dados. E mesmo estando longe, muito longe, eu vou sentir falta do que nunca existiu, mas eu imaginei. De todos os planos que podiam dar certo, mas não deram. E eu não vou sentir raiva, só saudade. De você, de nós.

Naianara Barbosa

Não valiam a pena


E aqueles que disseram que estariam aqui sempre, se foram. Aqueles que disseram que dariam a mão, viraram as costas. Aqueles que fizeram você sorrir quando nada estava dando certo eram apenas farsantes. E agora, aqueles que você um dia precisou não passam de desconhecidos. Você aprendeu. Aprendeu que eles não valiam a pena.

Naianara Barbosa

segunda-feira, 12 de março de 2012

Procura abstrata


Sentada no quarto ela se via pensando em tudo que a levava a fazer loucuras diárias. Sentia-se fraca por não poder se defender de si própria e por mais que procurasse ajuda, nada seria capaz de lhe tirar a dor que sentia. Aquela dor que corroia, doía, e ia rasgando o seu peito pouco a pouco, abrindo crateras gigantescas e ferindo o seu sentimento. O que um mal amor pode lhe causar, pequena. Ela pensava em todos os que passaram por sua vida, todos que a magoaram de certa forma, todos que um dia não a entenderam e a julgaram assim, sem nem se colocar no lugar dela. Normalmente os humanos agem assim, apenas julgam, mal agem como humanos, nem como bichos. Agem como indiferentes, desconhecidos. E por isso ela se via com o sangue escorrendo, na esperança de todo sofrimento ir junto com uma parte de si, já que as lágrimas não adiantavam mais. Por mais que chorasse, era como se toda dor continuasse a correr por todas as veias presentes no seu corpo. E teve uma hora em que ela resolveu jogar a toalha, parar de correr atrás, seguir seu caminho sem nenhuma daquelas pessoas que um dia te iludiram. Sim, era uma causa perdida. Não tinha mais porque correr atrás, sentir falta, ligar, se não era retribuída, em troca era ignorada. Depois de ter chorado todas as lágrimas que podiam sair do seu corpo frio e sem proteção, viu-se cansada de tudo que estava acontecendo, de todos os fatos mal resolvidos e amores não correspondidos que um dia resolveram passar por sua vida. Sim, ela se viu cansada de lutar pelo que não valia a pena, e ai desistiu. Mesmo sem nenhuma base, sem nenhuma mão amiga, resolveu continuar seguindo, tentando levar a sua vida da forma mais preta e branca possível, sem amigos, sem romances, sem o risco de se decepcionar novamente. Não existia mais a vontade de nada, e ela sabia disso. Ela sentia em cada parte do seu corpo que as decepções acabaram com sua inspiração, com sua motivação. E ela parou para pensar, e viu que agora sim começaria o verdadeiro trabalho, encontrar esperança onde não parece haver nenhuma.

Naianara Barbosa

sexta-feira, 9 de março de 2012

Encontro do desencontro


Quem sou eu? Um quase nada, ou um quase tudo. Impaciente, mas a espera de um futuro onde exista um melhor mundo. Enquanto isso, desabo num abismo profundo de pensamentos, sentimentos e mais entos que me enlouquecem, me destroem, me corroem, me adoecem. E sem nenhuma explicação real, luto contra todos os mais terríveis monstros que possam existir dentro de mim, me perdendo no meio de palavras que mal dizem o que realmente sinto.
O silencio inquietante, mais que desesperador, está tornando de mim um sujeito que na alma sente dor. Dor por não saber se sou tudo ou quase nada, dor por pensar em você o tempo todo e intensamente na madrugada, onde sozinha me encontro no desencontro entre eu e você...

Naianara Barbosa & Luana Andrade

Clichê


Eu te amo. Dizem que isso é clichê, mas que posso fazer? Te amo mesmo. E descobri isso da pior forma. Estava prestes a te perder e senti medo. Medo de nunca mais ouvir a sua voz, ver o seu sorriso, ouvir você me chamar de amor. Isso é clichê também? Sentir medo? Então eu sou uma pessoa totalmente clichê, porque pra mim não há nada que substitua essa sensação. Dizem que amar dói, mas é uma dor boa. E só dói, para alguém poder vir cuidar dessa dor. E ai você acaba amando cada vez mais.


Naianara Barbosa

quinta-feira, 8 de março de 2012

Eis que tudo se fez novo


Domingo, 3 de dezembro.
O que é isso que está acontecendo comigo, diário? Eu não sei. Eu tento explicar, eu tento entender, mas não é possível. É algo que ta me corroendo, me doendo, me faz chorar e eu nem sei o motivo. O que será isso? Isso dá medo. Eu estou com medo de algo que está acontecendo dentro de mim e que eu não tenho nem idéia do que seja. É como se eu estivesse passando por uma mudança, sabe? E eu não sei no que ela pode terminar. Me sinto como uma borboleta. Presa num casulo, esperando a minha hora de sair. Mas eu não sei o que vai ser depois que eu sair. Eu só planejei até aí: sair. E depois? E quando eu sair, o que vai ser de mim? O que vou fazer? Quem vou ser? São perguntas tolas que me tomam a mente a cada minuto. Sabe diário, eu admiro algumas pessoas, algumas pessoas que dão valor as coisas simples da vida. Porque, cá estou eu. Sentida, quieta, calada, escondida, esquecida. E que amigos eu tenho? Eu não tenho amigos, diário.
As pessoas me procuram porque eu posso ajudá-las em qualquer coisa. Eu tenho tudo que elas desejaram um dia sabe, diário. Mas eu não tenho uma coisa que com certeza elas tem. Elas tem amigos. E eu? Eu não. Eu vivo aqui, fingindo ser feliz, fingindo amar a minha realidade, mas não é isso que acontece. Eu estou presa, e não tem saída, a não ser a porta do casulo, este que passarei logo. Sinto que minha mudança está quase completa. Mas como vou saber quem vou ser? Eu vou voltar a ter algo que nunca tive, diário. Duas pernas. Eu sempre me senti como se tivesse três. Como se essa terceira perna não me deixasse cair. Como aqueles tripés que seguram a câmera fotográfica. Então, era como eu me via. E com ele eu não caia, então eu podia fazer qualquer coisa porque eu sabia que não ia cair. E agora, diário, eu acho que a vida vai tirar essa terceira perna – que sempre esteve comigo – de mim. Agora, eu vou ter que ficar com duas. Agora eu posso cair, e se eu cair, eu terei que me virar pra levantar, diário. Pois estarei sozinha. Quando acabar essa mudança, será que as pessoas continuarão me procurando?
Aqui estou eu, nesse quarto sozinha, e vendo que cada palavra não significasse nem metade do que está acontecendo realmente. É como se algo estivesse comendo o que eu era aos poucos, e me tornando algo novo. Deus, tenha dó dessa alma que nem sabe pra onde vai. Peço-lhe que me dê a mão, você que está lendo. Só até eu me sentir segura. Por favor. Só me dê a mão, e caminha comigo nessa estrada de barro que eu nem sei onde vai parar.
Me dá a tua mão somente. E eu imaginarei ela comigo. Mas promete não soltar até que eu saiba andar com as minhas duas pernas sem precisar mais da tua ajuda. Imaginarei tua mão comigo, mas só consigo imaginar a tua mão, e se consigo, é porque eu amo o suficiente pra isso. E se não consigo imaginar o resto do teu corpo – olhos, boca, cabelos – é por incapacidade de amar mais. Mas só a tua mão me basta. Eu sigo nesse caminho tortuoso que mela meus pés de barro molhado. Mas não sei pra onde vou. Vou apenas indo, indo, até parar. E quando parar, sabe-se lá o que farei. É como se toda muralha que eu estivesse construído contra o mundo estivesse caído.
Como se eu estivesse feito aquela terceira perna, e ela estivesse em ruínas junto com a minha muralha, que levou décadas para conseguir me proteger totalmente, e ainda assim eu era atingida por palavras que me corroíam e me faziam pensar “quem eu estou me tornando”. Mas eu só estava me tornando mais uma pessoa que vive longe desse mundo, diário.
Eu quero um mundo só meu. E fiz ele. E agora me tiraram dele e me colocaram em outro em que sou apenas “mais uma” que não faz a diferença. No meu mundo não era assim. Eu era tudo. E aqui eu sou tão pequena quanto um grão. Assim como todas as outras pessoas que foram tiradas do seu mundo e trazidas para cá.
Me diz, diário. Porque a vida prega peças tão sacanas com a gente? Cada um podia viver no seu mundo. Cada um podia ser feliz da sua forma. Somos diferentes. Como viver num mundo onde somos todos iguais? Ou pelo menos querem que sejamos todos iguais. Não suporto isso, diário. Acho que é essa a mudança que está ocorrendo. Eu estou trocando de mundo. E talvez, quando o sol se por, eu veja com mais clareza que tudo isso não passa de mais um sonho. Quem sabe, diário. Eu dei o primeiro passo, diário – estou feliz! – consegui dar o primeiro passo dessa minha nova caminhada. E agora, tenho que dar os outros. Nesse mundo novo, totalmente diferente do meu.
Onde aprenderei a sorrir, a rir, a amar, respeitar, compartilhar – nossa, é muita coisa para se aprender – e ainda assim sentirei falta do meu mundo, diário. Porque foi nele que criei os meus conceitos, e minhas regras, e agora elas não valem de nada. Mas que seja assim. Porque mudanças são necessárias, mesmo que não sejam bem vindas. Estou indo, diário. Preciso aprender a lidar com essa nova gente, que mais parecem bichos. Quem sabe eu consiga domá-las e trazê-las para um mundo onde todos se entendam sem desrespeito, vingança ou algo assim.
p.s: E a você, que esteve de mãos dadas comigo nessa caminhada, muito obrigada. Mas toma sua mão de volta, aprendi. Desculpa se te amei pouco a ponto de só conseguir imaginar a tua mão, mas aprenderei a te ver mesmo longe, e aí, retribuirei esse favor que fez a mim.

Naianara Barbosa

Volta... ou melhor, não vai




Sentiu-se um frio na alma, um medo inebriante, uma vontade de gritar o seu nome para que todo o mundo ouvisse, um desespero que lhe tirava a calma, todo o seu pensamento focava-se em um único ser, um único nome, uma única vontade: a que ele voltasse. A cada passo dele, os rasgos do seu coração se aumentavam e a tomavam por completo, sentia o sangue correndo pelo seu corpo juntamente com toda vontade de pular em seus braços e dizer “volta, você é meu”. Só o que lhe restava para fazer era olhar aquela cena angustiante, que a maltratava mais que qualquer dor física, maltratava o seu amor, maltratava o seu amor, maltratava o seu amor.
E diante de todos aqueles olhos que a observavam sem o mínimo de pudor, via-se completamente sozinha, no meio de todas as pessoas que ali estavam presentes. Sentia-se insegura, vulnerável, desabilitada, não sabia por onde ir e nem que caminho seguir, restavam-lhe apenas lágrimas e um dinheiro em cima da mesa, que seria para pagar o suco que eles tomaram. Sim, ela sabia que aquela teria sido a ultima conversa deles como um casal, como um. Ela não chorava, nem sorria, estava séria, muda, sem ação. Quem já vivenciou sabe que essa é a terrível sensação de estar perdendo o seu amor, estar perdendo metade de si, e não poder fazer nada...

Naianara Barbosa

Achaste?


Achaste mesmo que tudo que disse foi mentira e que todo o meu sentimento se baseia em palavras? Sinto lhe informar que estava enganada, pois tudo não passou de uma simples e dura verdade. Seria ironia minha dizer que o meu amor é passageiro, porque então ele teria parado nessa estação? Ele fez morada no teu coração e encontrou abrigo no teu carinho. Disseste que iria me esquecer, peço-lhes que pense em como ficaria meu pobre e generoso amor que se alimenta das tuas palavras, em quem ele se consolaria e pensaria antes de dormir... Não existe mais um sequer coração que supere o teu, ele quis se fixar no teu peito e só sair no meu ultimo dia. Escuta-me, dona da morada do meu amor, não deixa ele se perder, pois de nada adianta tanto amor se não é reconhecido. Acolha-o, proteja-o, e verás como ele sorrirá pra você todos os dias mesmo que distante, mesmo que imaginário, mesmo que só nós vejamos ele.

Naianara Barbosa 

quarta-feira, 7 de março de 2012

Seu nome



se eu tivesse um bar ele teria o seu nome
se eu tivesse um barco ele teria o seu nome
se eu comprasse uma égua daria a ela o seu nome
minha cadela imaginária tem o seu nome
se eu enlouquecer passarei as tardes repetindo o seu nome
se eu morrer velhinho, no suspiro final balbuciarei o seu nome
se eu for assassinado com a boca cheia de sangue gritarei o seu nome
se encontrarem meu corpo boiando no mar no meu bolso haverá um bilhete com o seu nome
se eu me suicidar ao puxar o gatilho pensarei no seu nome
a primeira garota que beijei tinha o seu nome
na sétima série eu tinha duas amigas com o seu nome
antes de você tive três namoradas com o seu nome
na rua há mulheres que parecem ter o seu nome
na locadora que frequento tem uma moça com o seu nome
às vezes as nuvens quase formam o seu nome
olhando as estrelas é sempre possível desenhar o seu nome
o último verso do famoso poema de Éluard poderia muito bem ser o seu nome
Apollinaire escreveu poemas a Lou porque na loucura da guerra não conseguia lembrar o seu nome
não entendo por que Chico Buarque não compôs uma música para o seu nome
se eu fosse um travesti usaria o seu nome
se um dia eu mudar de sexo adotarei o seu nome
minha mãe me contou que se eu tivesse nascido menina teria o seu nome
se eu tiver uma filha ela terá o seu nome
minha senha do e-mail já foi o seu nome
minha senha do banco é uma variação do seu nome
tenho pena dos seus filhos porque em geral dizem “mãe” em vez do seu nome
tenho pena dos seus pais porque em geral dizem “filha” em vez do seu nome
tenho muita pena dos seus ex-maridos porque associam o termo ex-mulher ao seu nome
tenho inveja do oficial de registro que datilografou pela primeira vez o seu nome
quando fico bêbado falo muito o seu nome
quando estou sóbrio me controlo para não falar demais o seu nome
é difícil falar de você sem mencionar o seu nome
uma vez sonhei que tudo no mundo tinha o seu nome
coelho tinha o seu nome
xícara tinha o seu nome
teleférico tinha o seu nome
no índice onomástico da minha biografia haverá milhares de ocorrências do seu nome
na foto de Korda para onde olha o Che senão para o infinito do seu nome?
algumas professoras da USP seriam menos amargas se tivessem o seu nome
detesto trabalho porque me impede de me concentrar no seu nome
cabala é uma palavra linda, mas não chega aos pés do seu nome
no cabo da minha bengala gravarei o seu nome
não posso ser niilista enquanto existir o seu nome
não posso ser anarquista se isso implicar a degradação do seu nome
não posso ser comunista se tiver que compartilhar o seu nome
não posso ser fascista se não quero impor a outros o seu nome
não posso ser capitalista se não desejo nada além do seu nome
quando saí da casa dos meus pais fui atrás do seu nome
morei três anos num bairro que tinha o seu nome
espero nunca deixar de te amar para não esquecer o seu nome
espero que você nunca me deixe para eu não ser obrigado a esquecer o seu nome
espero nunca te odiar para não ter que odiar o seu nome
espero que você nunca me odeie para eu não ficar arrasado ao ouvir o seu nome
a literatura não me interessa tanto quanto o seu nome
quando a poesia é boa é como o seu nome
quando a poesia é ruim tem algo do seu nome
estou cansado da vida, mas isso não tem nada a ver com o seu nome
estou escrevendo o quinquagésimo oitavo verso sobre o seu nome
talvez eu não seja um poeta a altura do seu nome
por via das dúvidas vou acabar o poema sem dizer explicitamente a porra do seu nome.

Fabrício Corsaletti

Esconderijo

Sempre vai existir essa incansável busca por alguém que escute suas histórias, seus medos, seus fracassos, seus sonhos.. que lhe escute. Não é fácil encontrar, mas não é impossível, não é rápido , mas também não é eterna a busca. Um dia você encontra uma voz doce que te acalma, alguém que sorri pra você e te abraça sem ao menos se mover, encontra um olhar terno que te faz derreter só de olhar, encontra palavras que sempre quis escutar, que sempre disse, mas não costumavam dizer pra você. Quando isso acontecer , agarre, cuide .. porque você acabou de encontrar seu mais lindo esconderijo.


                   - Meu Akira Nakamura

terça-feira, 6 de março de 2012

É fácil fingir

Eis-me de novo pre disposta a despir a minha alma para quem quiser ler. 
Parece ate brincadeira, mas a vida prega umas peças que nos faz refletir sobre tudo, principalmente sobre o sofrimento. Porque tudo tem que ser tão sofrido? Porque tudo tem que doer tanto? Quando estamos no fim, costumamos pensar no começo, e comigo não é diferente. Me peguei pensando no meu nascimento. Eu nasci chorando, será que eu sabia que iria sofrer por quem não esta nem ai pra mim ou por que sabia que amar iria doer demais? Ah, mas que se dane, ninguém disse que seria fácil. E, afinal, ninguém sabe o que eu realmente sinto. O motivo? Eu tenho um sorriso. E não posso negar, ele convence a qualquer um.

Naianara Barbosa

És belo, és esplendido



Foi tudo um perfeito nascer do sol. Uma luz irradiante, um clarão assustador, um silêncio monótono, uma visão esplendida, palavras perdidas a céu aberto voando como andorinhas que vem prestigiar a chegada do verão. A simplicidade do momento que renasce após a gigante e assustadora escuridão é o que existe de mais belo. E mesmo acontecendo todos os dias, é como algo novo tocasse o seu interior e mostrasse que por mais que pareça igual, que pareça simples, a vastidão de significados que existe num simples nascer do sol é de uma beleza devastadora, que arranca um sorriso do seu rosto aos poucos e te faz sofrer de tão belo que é. Até parece que foi tudo minuciosamente trabalhado, para que fosses tão perfeito. O que mais me surpreende é que as pessoas desperdiçam uma chance de ver uma das melhores imagens do mundo, desperdiçam a possibilidade de começar o dia com um sorriso irradiante, assim como o sol, simplesmente por não ter visto o nascer dele. E me pergunto, o que mais as pessoas deixam de lado por não acharem importante?

Naianara Barbosa

Sim, pode ser tarde


A dor da perda é tão relevante na vida de qualquer pessoa, que a mesma nunca volta a ser como era após perder alguém que foi especial. Por mais que a vida seja um enigma, existem coisas que mesmo sem uma explicação, se generalizada vê-se que tem suas próprias conclusões para quem sabe enxergá-las. As pessoas tendem a se aproximar umas das outras, e quando se é criado um laço, qualquer tipo de desentendimento é tomado pelo medo de perder. Costumo dizer que o amor  é algo que te mostra o quanto você gosta e precisa daquela pessoa, mesmo que não saiba a falta que ela pode fazer. Sabe aquele conselho que as pessoas dão e que normalmente não damos ouvido? “Dê valor ao que você tem, antes que a vida te ensine a dar valor ao que você tinha.” Então, passe a dar ouvido. Porque, com toda certeza do mundo e lágrimas nos olhos, te digo que sim, um dia pode ser tarde pra fazer alguma coisa ou procurar alguém onde ele costumava estar. Optamos por não querer ver muitas coisas, mas quando abrimos os olhos, vemos que nem tudo está igual e que nem todas as pessoas permaneceram por tanto tempo assim.

Naianara Barbosa 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Acabou




Eu senti um aperto lá no fundo. Eu quis saber o que era aquilo, de onde estava vindo. Mas ele simplesmente chegou. Ele não me disse que viria, nem quanto tempo ficaria, e nem quando iria embora. Mas um dia ele iria. E quando eu tava me acostumando, aprendendo a gostar dele, ele se foi. Ele foi mesmo. Mas eu ainda o sinto, vez em quando. Ainda lembro de todos os momentos, e não me arrependo. Ele só chegou, e não me prometeu nada. Por isso não o culpo. A culpa foi minha por ter gostado de sentir ele. Por ter gostado de ter ele. Por tê-lo considerado como o único. Por ter suposto que ele não iria embora. Por encarar o que ele dizia, o que ele fazia, o que ele me fazia ser, como juras de amor inacabável. Por ter acreditado que ele era tudo que eu queria. Tudo que eu precisava. Éramos “nós”, até você partir. E agora, somos só eu e você, cada um no seu caminho, não nós. Disseram que o amor fica, mas ele se foi, assim como você, assim como o “nós”. Só restou eu pra contar historia, ou pra fingir uma historia em que ainda nos exista. Sento sozinha, e penso, penso, penso… O que éramos nós? Uma farsa? Uma invenção da minha cabeça. Lembra quando estávamos conversando, rindo, e simplesmente você me abraçou? Essa foi a primeira vez que você disse que me amava. A primeira vez de muitas outras. Todas sinceras, todas únicas. E se foi. Assim como você, assim como nós, assim como o amor. Simplesmente se foi. Acabou. E é isso, vai ficar assim. Por mais que eu tente mudar o final dessa história de amor. Nada se alterará. Já foi, ja passou. Foi bom enquanto durou, mas agora não tem mais o que fazer.

Naianara Barbosa

Não confiai no homem

Hoje falaram uma frase na sala que eu não entendi muito bem. Quer dizer, até entendi, mas achei que nem todos fossem assim. Disseram ao alto "Está escrito, não confiai no homem." Eu pensei que era exagero, mas agora eu vejo. Não confiai no homem mesmo, porque quando ele tiver vontade ele vai jogar sua confiança pro ar e falar tudo que ele tiver a fim. Confia em você mesmo, neguim, e segue seu caminho. Ai você não corre o risco de se decepcionar tanto.

Naianara Barbosa

Aquela filosofia


Sábado, 29 de Setembro

Eu, habitante do planeta Shern, me vejo parada na inútil tentativa de entender o que é a vida. Eis uma filosofia grandiosa que tenho agora em mão, tentando formular o que vejo, e transcrever em meras palavras, para poder levá-las ao meu mundo. Essa diversidade de sentimentos que se espalham por esse mundo é completamente assustadora, as pessoas vivem na estranha vontade de demonstrá-los, ou até mesmo de escondê-los. Nada é normal, simples e básico. Ou elas se mostram por dentro, de peito aberto, ou se fecham para o mundo de tal maneira que não sei explicar. Em Shern somos tão simples, se relacionados aos seres humanos. Porque complicar? Porque achar tudo tão sofrido? Estava nessa linha de raciocínio quando parei para tentar formular uma ideia base da vida aqui na Terra. E depois de tentar observá-los em conjunto, vejo que existe uma coisa que é feita por todos, piscar... simplesmente. E depois de tanto pensar, acho que descobri. Pelo menos foi a melhor explicação que achei para a tal “vida humana”. A vida é um pisca pisca, somente. Os seres humanos nem se dão conta do quão está presente em sua vida o simples ato de piscar. Eles piscam e nascem, piscam e choram, piscam e mamam, piscam e andam, piscam e falam, piscam e amam, piscam e crescem, piscam e vivem, até que piscam pela última vez. Sim, vejo que a vida se resume a piscar, simplesmente. Enquanto pessoas chegam a esse mundo e começam a piscar, outras piscam pela ultima vez e se vão dele para sempre. E continuam nesse ciclo sempre, sem ter um fim. E no meio de tantos sentimentos, sorrisos, olhares e palavras humanas, vi que a tal grandiosa e complicada filosofia da vida se resumiu a um simples abrir e fechar de olhos, enfim

Naianara Barbosa

domingo, 4 de março de 2012

Procurada Felicidade


Vinde a mim ó felicidade, se faz presente nos meus dias, colore a minha vida, mas vem devagar, com cautela. Vem sorrindo e com tudo que é preciso em mãos. Porque depois de todo o deserto que passei, de mãos dadas com a solidão, vi que não é só a inveja que tem sono leve, mas a tristeza também.

Naianara Barbosa

Só não deixarei de te amar


Eu te amo e vou te amar pelo resto dos meus dias. Mesmo que eu fique louca, mesmo que eu envelheça e perca a memória eu vou continuar te amando. Você está em mim, você faz parte de mim, é simplesmente impossível te deixar. Eu preciso de você, eu gosto de precisar de você. Teu sorriso é o meu sorriso, e a tua dor me machuca. Hoje olho pra trás e vejo tudo que nós já passamos, e vejo também que superamos tudo, e aprendemos. Eu posso não ser a mais bonita, a mais intelectual ou a mais santinha, mas mesmo assim eu te digo: Eu te amo pra sempre, sempre, sempre, sempre...

                                                  - Zé 

Naianara Barbosa

O que é raro, é sempre valioso


Aquilo que é raro,  é sempre valioso. Disse um sábio. O que é raro no mundo de hoje? O que realmente vale a pena? Um amor, um verdadeiro amor, é valioso. E é difícil de achar. Eu encontrei. Me fez ver o lado bom da vida, sabe? Me fez sentir algo novo, totalmente inofensivo, totalmente inocente. É simples, e complexo de tão simples. E que seja, eu te amo. E te amo demais.


Naianara Barbosa

Mudança




Ano novo e a rotina vai voltar a ser como era no ano passado. Manhã, tarde e noite, tudo como era. Esperamos mudanças, ansiamos mudanças que não acontecem, o que fazer então? Onde achar tais mudanças? Dentro de si mesmo? É o que todos dizem. Mas se você mudar e todos os outros continuarem no mesmo modo, qual será a vantagem? Você vai dizer que fez sua parte, claro, em certo ponto ate concordo com você. Mas e todos os outros que não fizeram? Não foi um pouco egoísta da sua parte, mudar e não levar a ninguém o motivo da mudança? E se com o seu motivo ela mudasse também? O certo, o mais claro, é pensar em conjunto, e MUDAR em conjunto também.

Naianara Barbosa

sábado, 3 de março de 2012

Aquele Deus


Essas são coisas pelas quais nunca suplicamos, não acha? Uma semana dura, um café que cai na sua roupa ou a presença de alguém que nos incomoda. Mas quando acontece alguma coisa realmente séria, suplicamos a um Deus no qual muitas vezes nem lembramos, que isso acabe logo, e imploramos para que essa coisa seja trocada pelos antigos tormentos. Porque quando se trata da vida, ninguém sabe o que vai acontecer e de repente acontece algo que você julga ser a pior coisa que poderia acontecer, e quando você olha em volta, vê que o que aconteceu com você foi um simples arranhão, enquanto aconteceram grandes cortes nas vidas de outras pessoas. E ai, nessa hora, a imagem daquele Deus te vem a cabeça.

Naianara Barbosa


Verdadeiro significado

O mundo não mudou tanto assim. Os sentimentos continuam os mesmos, os sorrisos, as lágrimas, a histórias de filme. Tudo. Sentimentos que só tem nomes, mas perderam o seu valor. Sorrisos que querem passar felicidade mesmo sofrendo e chorando por dentro. Lágrimas que, se verdadeiras, escorrem como diamantes. E os filmes, ah sim, esses que sempre mostram o final feliz, mesmo nem sabendo o que é felicidade.

Naianara Barbosa

Pétalas e espinhos


As pessoas por dentro são como rosas. Se dizem únicas, e realmente são quando estão sozinhas, ou quando alguém cuida de tal. O “cuidador” entra em uma relação com o que é cuidado, e sim, ele a vê como única, Mas quando acontece algo que nos decepciona, passamos a ver a tal flor como qualquer outra, como num jardim, milhões de rosas iguais. Belas, formosas, lindas... Mas que possuem espinhos, ou seja,  ferem e derramam lágrimas de outras pessoas, sempre.

Naianara Barbosa

Apertados




A gente se apertou um contra o outro. A gente queria ficar apertado assim porque nos completávamos desse jeito, o corpo de um sendo a metade perdida do corpo do outro.

Caio F. Abreu 

Tudo de novo, de novo.


Aconteceu tudo de novo, de novo. Coloquei meu coração no bolso e aí tiraram ele de lá. Fizeram crescer aquela maldita esperança, planos foram construídos e pouco depois destruídos. Irracionalmente dolorosa essa falta que você me faz, me acostumei com a sua presença e a sua ausência me machuca. Vai ferindo aos poucos aquele pobre coração que já tinha sofrido antes e feito uma promessa. Ele tinha um principio, o de nunca mais se apaixonar. E você veio e do nada mudou tudo. De novo. Ele atingiu o inatingível por causa do amor, sem nem estar pronto pra isso. Ele se arriscou por uma coisa que não sabia se iria além. Ele tinha um medo, um velho medo, e fazia de tudo para não deixar esse medo transparecer. Até que acabou. Não o medo. você simplesmente se foi e deixou aquela falta dolorosa que corrói aos poucos. Esse silêncio que reina dentro de mim só diz o que palavras não descreveriam. Essa ausência do teu corpo e do teu sentimento me incomoda, e agora cabe a mim ficar nessa abstinência do teu ser. Fico com esse vazio que vai desgastando aos poucos o meu pobre coração. E espero até que ele entenda e volte para o bolso, o meu bolso, dessa vez certo de que se apaixonar é a maior loucura e não se deixe entregar mais uma vez.

Naianara Barbosa.


Te protegerei, pequena



Estavamos no fundo da loja. O papai tinha te dado duas moedas e você as escondia num espaço no balcão, dizia que estava guardando para comprar uma cidade. - Ele riu - Os ladrões entraram, eles já falavam mas você não prestava atenção, até que sacaram uma arma. Já tinham pego o dinheiro e tentavam tirar o relógio que a mamãe tinha dado ao papai, mas você sabe que ele não daria, e foi assim que deram um tiro nele. Você ouviu o barulho e correu em direção ao papai, mas...
"Eu lembro disso..." - Disse ela com a voz fraca. - "Eu tentava chegar ao papai mas não conseguia me mover."
"Não conseguia porque eu estava te segurando. Com uma mão na sua boca e te puxando para trás com o outro braço, rezando para que você ficasse ali." - Disse ele com os olhos cheios de lágrimas, e continuou - "Eu queria que você continuasse como naquele dia. Calada, quieta e a salvo, mas você não é nada disso, você é barulhenta e insistente, e isso me assusta um bocado. Não iria te ligar pra dizer que tinha levado um tiro, quem te protegeria? Não iria te falar da minha dor, não poderia." - E abraçando ela, falou tão baixo que mal ela conseguiu ouvir - "Eu não quero que saiba o que é dor, minha pequena. Não quero que a conheça." - E ficaram ali abraçados, em silêncio, perdidos em seus pensamentos.


Naianara Barbosa

Injusta?





"Por que és assim?"
"Assim como?"
"Fria, amarga em excesso"
"Porque me machucaram, mas me ensinaram a machucar também"
"Então porque machucas, se sabes que dói?"
"Mas não é meio óbvio? Pra não doer em mim"
"Mas é injusto com os outros"
"Engraçado como nunca é injusto comigo"

Naianara Barbosa

Partida

Ela: Eu vou embora.
Ele: Se você quer, pode ir.
Ela: Tem certeza?
Ele: Tenho.
Ela: {Ele desistiu de mim} Então tá.
Ele: {Ela desistiu de mim} Ok.
Ela: Eu te amo.
Ele: Se me amasse, você ficaria.


E com os olhos cheios de lágrimas se virou, e chorou. Tinha acabado de perder o amor da sua vida.


Naianara Barbosa

Promessas


“Prometo devolver-te ao seu destino”...
Ah, já prometi muitas coisas. Cumpri algumas delas
Outras estão na minha lista.
Promessas, sonhos...
E de tantos sonhos no mundo, tantas pessoas conseguem
Outras desistem, caem, se machucam e param
Mas me ensinaram a continuar...
Continuar mesmo caída, me arrastar se for o caso,
Mas continuar. Em frente. Sempre em frente.
Traçando o meu caminho. O meu próprio caminho.
Seguindo, seguindo, sorrindo.

Naianara Barbosa.

Minha pequena




Ei, a minha pequena consegue ser linda só ao sorrir, ao olhar pra mim e eu ver que seus olhos estão brilhando. Sabe quando você vê aquelas garotas cheias de formulas, maquiagens, saltos e decotes? Então, ela não precisa ter nada disso, ela fica linda de camisola assim que acorda. Ela é sincera, meiga e romântica. Ela tem mil qualidades e mil jeitos diferentes, manias que não acabam e olhares chamativos. Ela consegue ser amiga de uma forma que ninguém nunca foi. Sim, ela tem defeitos, vários. Mas quando a gente ama, a gente ama, só. A gente ama e pronto. Ama os defeitos, ama tudo. E por isso eu digo com todas as letras: “eu te amo, pequena.”

                                       -  Minha Beeh A. 

Naianara Barbosa