Eu to sentada na varanda da minha
casa de praia tentando escrever mais uma carta sem remetente que traduz o que
quero falar pra alguém. Traduz o que já ensaiei diversas vezes mais que no
final não sai, eu gaguejo, fico sem ar e abaixo a cabeça. Tentei mostrar o
melhor lado de mim, mas várias vezes me perguntei se esse lado realmente
existia. Eu quis me entregar sem ter o que temer, mas eu não me entreguei, desculpe-me.
Não me entreguei por não saber até onde iria. Poderia ser pra sempre e poderia
acabar na segunda feira, e eu não estava errada. Prometeu-me a lua, mas foi
embora antes do por do sol, querido. Eu fiz tudo o que podia, mas não era o
suficiente, não era tão bom quanto eu pensava, ou esperava, ou imaginava. Não
era pra ser você. A culpa não foi sua e nem minha, simplesmente não era pra
ser. Eu criei cenas que queria viver, mas não conseguia te encaixar nelas, de
alguma forma nos combinávamos, porém não nos completávamos. Eu gostei de você,
e gostei mais ainda quando você me fez gostar de mim e agradeço por isso. Temos
que admitir, tava tudo uma merda. Mas tava uma merda ao seu lado e pra mim
podia continuar assim, mas não foi possível, não foi. Sinto dizer, mas as
diferenças nem sempre unem as pessoas, as vezes elas só afastam cada vez mais.
Essa carta não era pra ter um remetente, mas como todas as outras, ela acabou
sendo pra você.
Naianara Barbosa