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domingo, 1 de abril de 2012

Admiti, enfim


Eu podia ser mais uma daquelas garotas românticas, eu sei que podia, mas nada muito romântico presta pra mim. Resolvi admitir pra mim mesma que eu não presto. Não sou aquela garota de pensamentos puros, que não bebe e não cai no pecado sempre que pode - e que não pode -, mas o que é proibido me chama atenção.  Mesmo que se mude o ambiente, a companhia, não vai adiantar, vejo que a fonte sou eu, e eu não consigo evitar. É aquela velha história do Don Juan, por mais que eu me apegue e goste de estar perto, sentindo o calor e ouvindo a respiração, eu não consigo ficar. É da minha natureza. No entanto, tenho meus altos e baixos, e flashes de que um dia possa estar ao lado de um só alguém toma conta de mim, por vezes até gosto. Não nego que ainda espero ter um desses alguéns que se denominam "príncipes".
Se não for pedir muito - me refiro ao príncipe  -, não aparece por agora não. Poucos sapos eu beijei, e como disse, não sou aquela garota que espera ansiosamente pelo príncipe, apenas espero, e rezo para que ele demore um pouco mais do que o previsto. Ultimamente tenho preferido sapos, plebeus e lobos no lugar do tal príncipe. Já que vou passar a vida inteira contigo, para que a pressa? Deixa eu aproveitar, conhecer novos gostos, novos modos de ser feliz sem ter um "para sempre" metido no meio.
Faz o que lhe for conveniente também, enquanto não me encontrar, pois, em segredo, existem coisas que eu ainda guardo só pra ti.
Voltando para a parte em que eu falava de mim e da minha maneira filha da puta de não prestar - e nem gostar de prestar - me encontro no desencontro de tudo que por vezes acho que me faz bem. E é nessa hora que todos os homens, todas as festas e todas as bebidas perdem o sentido e eu me vejo numa fria e tediosa melancolia onde palavras não cabem e sentimentos menos ainda. E eis que algo toma conta de mim e assim acaba tomando o lugar do alcool, dos beijos, de tudo. Não, não o vazio, mas a presença de algo inominável que percorre célula por célula do meu corpo e me toma de maneira inexplicável. Passo a ser então um corpo vazio num canto da sala e uma alma repleta trancada no quarto.
E vou seguindo assim, intercalando meus dias em corridos, perigosos e excitantes, e em calmos, silenciosos e vazios, deixando que as reticências falem por mim quando não sei nem o que pensar...


Naianara Barbosa

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