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sexta-feira, 27 de abril de 2012

E se eu sumir, não me procure.



Por mais que eu corra, a vontade de continuar não é tão vista. Por mais que eu tente, a fraqueza me toma e eu imploro para que chegue logo ao fim dessa jornada. Cada passo, cada pensamento, cada investida é visando o fim disso tudo, mirando no que eu pretendo chegar. Eu só planejei até ai: Chegar. Depois, sabe-se lá o que pode acontecer, mas hoje eu imploro para que chegue logo. Essa minha rotina me deixa anestesiada e sem vontade pra mais nada, essa minha loucura devaneia em pedaços de sentimentos que se tornaram concretos.
Essa frieza sentimental tornou de mim um escudo ambulante, que se fecha diante de qualquer possibilidade de sofrimento, mas no fundo, a verdade é que meu coração já esta cansado. Ele chora e pede para ser ouvido, mas a quantidade de ventos contrários que existem é muito maior que o som da sua voz. Quando a casa está vazia, quando minha alma está vazia, é quase possível tocar o silêncio. Ele se faz  tão presente que eu o sinto, eu o ouço, algumas vezes até conversamos.
Toda essa minha instabilidade emocional vem de muito tempo, talvez nem sempre intensidade seja bom, ou confiança seja saber como é o nome. Nem tudo na vida são flores, existem inúmeros espinhos, existem assustadores muros de pedra que protegem essas flores, não é tão fácil chegar até elas. Sinto-me presa, a minha vontade de chegar é maior que a minha capacidade de seguir, a minha agonia e desespero vem de algo inominável que me faz querer gritar e sumir.
Olho para os lados e mesmo cheio de gente, não vejo ninguém. Não vejo ninguém porque não conheço ninguém suficiente para tal. Podem até sentir minha falta vez ou outra, mas nada que duas doses de tequila não resolvam, acabei tornando de mim um ser simplesmente substituível. Um dia desses encontrei-me com a lua, e ela me fez ver uma coisa: eu posso sorrir. E meu sorriso pode esconder qualquer coisa, meu sorriso pode ser convincente até demais. Por isso sigo sorrindo por todas as ruelas que se passam e ando me esgueirando por entre os muros de pedra. Sim, eu já sei o que vou fazer depois que eu chegar, eu irei em busca da minha flor. Portanto, se eu sumir... não me procure.

Naianara Barbosa Melo

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