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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sentimento ou desejo?



Tinha um feitio por morder lábios, se deliciava enquanto puxava com seus dentes os lábios de alguém. Sim, a primeira coisa que ele olhava era a boca, se os lábios o chamassem atenção, ele iria atrás e faria de tudo para prova-los. Isso tudo era no mundo do lado de fora, pois no seu mundo ninguém sabia dessa sua tara por lábios.
Dia comum, marcou para assistir filme com os amigos, coisa que sempre acontecia. Esperava por todos e acabou que só uma amiga foi, ele achou tudo bem e começaram a assistir. Riam e debochavam do filme, até que ficou aquele silencio entre os dois e resultou num beijo. Ele suspirou, respirou, se assustou, nunca imaginara que os lábios dela seriam tão perfeitos, e que cabiam perfeitamente nos seus. Era macio, era delicioso, morder os lábios dela tinha se tornado a coisa mais incrível e mais delicada de todas.
Dai em diante nenhum dos outros lábios lhe bastavam, nenhum se comparava ao dela, ele estava apaixonado. Mas ele se perguntava: por ela ou pelos lábios dela? Era uma pergunta simples, mas lhe faltavam argumentos e pensamentos na hora de responder. Ele acabara se fissurando nos lábios dela e os queria para ele. Os desejava a cada noite, ao acordar, em tudo. Ela já não saia do seu pensamento.
Eles se reencontraram, afinal eram amigos, e os olhos dele brilharam, sua boca secara e sua cabeça já não pensava em mais nada. Ele olhava para ela e só. Se abraçaram e aquele cheiro o delirou, ele não sabia o que fazer, até que:
- Aceita namorar comigo?
As palavras soaram baixas, o que ele tinha acabado de fazer? Era a sua vontade, mas não era a hora certa, ele sabia que ela iria negar, a amizade deles tinha anos, ela o considerava um irmão, que idiota que ele tinha sido, iria tomar um fora da pessoa que mais queria, iria...
- Aceito.
Ela disse com um sorriso no rosto e ele parou, ficou completamente sem reação. Ela havia aceitado, ele a teria para si. Uma enorme felicidade corria por seu corpo e junto dela um medo terrível. Ele agora era responsável pela felicidade dela, e a sua própria felicidade estava nas suas mãos, e se ele a fizesse sofrer? Pensamentos assim os perturbavam, mas ele não tirava o sorriso do rosto. A tinha conquistado e isso era que importava.
- Eu mal sei cuidar de mim, mas prometo cuidar de você.
E sorriu desconcertado, olhou pra baixo e fixou o olhar no chão, ela o abraçou e disse:
- Eu estou fazendo isso a muito tempo.
E ficaram lá, abraçados, sorrindo e pensando em como seriam suas vidas de agora em diante. Ela criava planos, ele também, mas nenhum dos dois falara nada... O tempo resolveria a vida deles. 

Naianara Barbosa Melo

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