Te caço, te busco
Te procuro pelas ruas
Meus olhos apertados
Espreitando um passo teu
Teu silêncio me toma
Me chama, me ama
Me puxa pra cama
Ele grita: ME COMA!
Ouço-o e sigo
Sem saber onde estás
Aqui, ali, Paris?
Me diz, só me diz
Como águia te caço
Como a algum alimento
Preciso de ti por dentro
Preciso do teu sentimento
Por mais que me chames
Me olhes desamparada
Não encostarei em ti, eu juro
És tão bela assim, intocada
Deixo-te assim
Viva em mim, sorrindo enfim
Num amor puro que se realça
O caçador cuidando da caça.
Naianara Barbosa
Páginas
quarta-feira, 23 de maio de 2012
terça-feira, 15 de maio de 2012
Era uma vez a paz
Era uma vez Pedro.
Era uma vez Paulo.
Paulo tinha 9 anos,
Pedro tinha 10. Paulo queria ser médico, Pedro queria ser advogado. Paulo
gostava de banana, Pedro de maça. Paulo ouvia todos os tipos de musica, Pedro
gostava de ler. Nada compatibilizava, nada tinham em comum.
No meio deles existia
um abismo profundo, eles se odiavam. Vivam brigando, nem se olhavam ou então
era motivo de briga. Se Paulo olhasse para Pedro, era briga, se Pedro não
olhasse para Paulo, era mais uma briga, nada estava bom e a cada dia o abismo
só aumentava.
Os anos se passaram e
o ódio entre eles crescia conforme a idade ia aumentando, iam surgindo novos
problemas e uma reconciliação era algo impensável. Os pais de Paulo não falavam
com os pais de Pedro e nem os pais de Pedro falavam com os pais de Paulo porque
os filhos deles simplesmente não se gostavam. E isso ia acarretando toda a
família. Os tios de um não falavam com os tios do outro, os primos de um não
falavam com os primos de outro. Os amigos de um tinham que ser inimigos do
outro e isso só se alastrava. A rivalidade entre as famílias era grande, porém,
não existia um motivo para isso.
Durante décadas essa
briga se alastrou. Pedro já usava armas, Paulo também. Pedro criou um exercito
com todos que estavam do lado dele, com mais de dois mil homens. Paulo também.
Pedro tinha canhões, Paulo tinha metralhadoras, Pedro tinha bombas que
certamente causariam um enorme estrago, Paulo também as possuía. E então, houve
a guerra. Depois de tantas provocações durante anos, eles não conseguiram
evitar. As pessoas se odiavam, o país tinha se dividido em dois. Tudo por causa
de Pedro e Paulo. Então foi construído um muro que dividia o pais em duas
partes. A parte de Pedro e a parte de Paulo.
Eles tiveram filhos,
netos e bisnetos. A família crescia, e a rivalidade entre elas seguia durante
décadas. Eles estavam bem assim.
Certo dia Paulo, com
seus 78 anos sentou em um lado do muro e quando olhou para o lado, avistou
Pedro. Eles se olharam por um tempo e pensaram no que fizeram durante todos
esses anos. Paulo não se tornou médico, muito menos Pedro um advogado. Eles se
dedicaram apenas a destruir o outro e acabaram se autodestruindo. Estavam cansados de tanta rivalidade, e
depois de todos os anos passados, houve uma coisa inesperada. Eles sorriram um
para o outro. Estavam decididos a acabar com essa rivalidade que nem sequer
tinha motivo.
Foi derrubado o muro.
E junto com ele todos
os palavrões, todas as indiretas, todos os ataques, todas as ameaças. Eles
queriam começar uma nova vida, mesmo que não fosse tão nova assim já que
estavam um pouco acima da idade. Mas se eles queriam mudar o futuro, teriam que
abandonar o passado e foi isso que eles fizeram. Na frente de todos, da parte
de Pedro e da parte de Paulo, todos os filhos, primos, tios, amigos, amigos de
amigos, conhecidos, e apenas seguidores que apoiavam a um dos dois, eles se
abraçaram.
Se era mudança que
eles queriam, teria que partir deles o primeiro passo, e foi isso que fizeram.
Naianara Barbosa
Matando aos poucos
Dizem que chorar lava a alma. Eu particularmente não
concordo. Chorar pra mim não é tão fácil, e se choro é porque realmente estou
abalada por algo. Muito abalada. Então esse negocio de lavar a alma não cola.
Se você chora, você tem vontade de chorar mais, e mais, e mais, e mais. De se
entregar as lágrimas e fazer o que elas quiserem, você se devaneia em banhos de
lagrimas salgadas e pesadas que correm pelo seu rosto, soluça e fica sem ar.
Você parece uma criança, você se depara realmente como uma criança que apenas
anseia pelo colo da mãe para que tudo passe. No entanto, os motivos do choro
não são mais doces roubados ou finais de desenhos animados. São pessoas, são
ações impensáveis, são palavras ditas que não podem ser voltadas atrás, são
olhares que doem. Isso faz você chorar. Ninguém precisa saber das suas
lagrimas, ninguém precisa saber o quão forte você é, ou o quão fraca. Deixa
isso por sua conta.
Então não vejo isso como um modo de lavar a alma, e sim de
destruí-la pouco a pouco. A cada lagrima, uma pequena parte da minha alma vai
se apagando, vai sendo tomada pela dor. Acabarei me tornando uma pessoa vazia,
na completa ausência de sentimentos, lamentos, tormentos, e todos os outros
entos que me doem e me fazem morrer pouco a pouco.
Naianara Barbosa
Desculpe-me
Lembro-me perfeitamente que nessa hora estava te agradecendo. E você falou ao meu ouvido “não agradece não, você merece”. Eu não estava agradecendo por você estar lá, quer dizer, estava também. No entanto, estava falando do nosso passado. Estava agradecendo por todos esses 13 anos, por todos os conselhos, os abraços, as lagrimas, os risos, as fotos, as alugações, as horas de silencio, de provocações, de brigas, até pelas mancadas eu estava agradecendo. Porque sem elas não seriamos o que somos hoje. Crescemos com elas.Porém, acho que ao invés de estar agradecendo, deveria estar de pedindo desculpas naquela hora. Desculpas por não ser a melhor amiga que você um dia desejou, a melhor conselheira. Desculpas por não saber o que falar na hora que devia e ficar vendo você olhar pra mim, esperando você me dar um tapa na cara e dizer “vamos, me diz alguma coisa”, mas eu continuava calada. Desculpas por ter dado minhas muitas mancadas, mas não sou 100% boa, nem 100% correta, você me conhece. Eu erro e muito, e por isso devia te pedir desculpas ao invés de estar te agradecendo. Desculpas por fazer você me aturar durante todos esses anos, desculpas por te amar desde aquela sala no jardim 1, desculpas por me apegar tanto a você e te fazer mal. Desculpas por te atrapalhar e atrapalhar seus planos.Sei que são diversos os motivos que tenho que te pedir desculpas, e outros diversos que tenho para agradecer. Hoje eu não vim pedir conselhos, nem desabafar, nem brigar, só queria que você soubesse que eu sinto nossa falta. Aquela presença de 13 anos que se manteve tão presente está se esvaindo e sei que é por minha causa, e talvez esse seja mais um motivo para te pedir desculpas.
Naianara Barbosa
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Case-se comigo (02)
Eles
tinham uma semana de casados. Aquele casamento fez com que ela se sentisse a
mulher mais especial do mundo, que homem aceitaria casar com ela sabendo da sua
doença e que ela estava crescendo a cada dia? Seus órgãos começaram a ser
afetados, sua memória já estava comprometida, ela já não se lembrava de nada
por muito tempo. Algumas coisas ela ouvia e cinco minutos depois ela não se
lembrava mais, era um caso extremamente difícil.
Ela
sofria, sabia que ele não estava bem por causa dela, ele vivia nervoso, com um
ar aparentemente preocupado e ela não sabia o que mais podia fazer. Sua doença
começara a afetar a vida dele, ele estava perturbado por não poder ter sua
mulher para ele. Ela já estava em tempo integrado no hospital, não saia mais de
lá. Seu cabelo já tinha caído, o câncer a havia tomado por completo, até o seu
cérebro estava comprometido.
Eles
estavam conversando no quarto do hospital, ele falava e um tempo depois ela
esquecia, ele não sabia mais o que fazer. Começou então a anotar em pequenos
pedaços de papel e colar no quarto do hospital para que ela pudesse ler e assim
se lembrar. Ela o via nervoso e ficava envergonhada, sabia que era por sua
causa.
- Pode desabafar, Robert.
Ele
por um momento parou e pensou no que ela tinha falado, até que não aguentou
mais e falou:
- Sabe o que é, Marcela, eu casei com
você achando que você não teria mais que uma semana de vida. Quando você
descobriu sua doença, você me fez prometer que estaria com você sempre e eu me
sentiria culpado se não me casasse com você sabendo que a sua vontade sempre
foi essa. Não digo que não a amo, mas eu não estava preparado pra casar e eu
não estou sabendo lidar com isso. Tá difícil pra você, eu sei, mas você acha
que está fácil pra mim? Sei que não sou eu que vou esquecer dessa conversa, é
você, porque seu cérebro não é capaz de guardar mais nada do que falo. Eu
queria poder injetar um ácido em você ou te sufocar com um travesseiro só para
acabar com meu sofrimento e o seu, mas eu sei que não conseguiria fazer isso
porque eu realmente gosto de você. Eu só não gosto dessa doença que está
fazendo parte da nossa vida, eu a odeio, ela esta te tomando de mim.
Ela
olhava com lágrimas nos olhos, quando ele reparou no que tinha acabado de
falar, olhou para ela e disse:
- Me desculpa, eu não queria...
- Tudo bem, eu que mandei você desabafar.
As
horas passaram, ele foi para o lado de fora e deixou-a no quarto. A médica
entrou no quarto:
- Está na hora de fazer seu eletro...
- Sem uma conversa antes?
- O que você quer que eu saiba?
- Você sabe que o Robert pensou em
injetar ácido ou me sufocar com um travesseiro para acabar com nosso
sofrimento? Sabe que ele se arrepende de ter casado comigo por eu estar doente
e não ser a mulher perfeita pra ele? Sabe que ele me falou tantas coisas
dizendo que eu iria esquecer e...
- Onde está?
- O que?
- O papel que está escrito isso tudo.
- Não tem papel...
- Você lembrou.
- É, eu lembrei, mas preferia esquecer.
- Vou aqui e volto.
Anna
saiu do quarto após o exame com Marcela e procurou Robert.
- Você sabe o que a Marcela me disse?
- O que?
- Que você estava pensando em sufocá-la
com um travesseiro ou injetar ácido, isso é coisa que um marido fale para uma
esposa com câncer prestes a morrer?
- Você não tem nada com... Ei, ela
lembrou disso? Ela lembrou?
Ele
saiu correndo e sorrindo foi ao encontro da Marcela, chegando ao quarto 514 do
hospital, sentou na cama, alisando o rosto dela e falou:
- Você lembrou, meu amor?
- É, meu cérebro preguiçoso está voltando
a funcionar.
- Eu nunca faria nada do que disse com você,
eu te amo demais para isso. E vou ficar com você sempre.
Ele
a abraçou, ficaram uns minutos assim até que a máquina que estava ligada ao seu
corpo começa a fazer um barulho, o seu coração havia parado. Médicos entraram
correndo pelo quarto, jogando-o na parede enquanto ligavam a maquina de choque.
Após alguns minutos na tentativa de sobrevivência, os médicos pararam. Não
havia mais jeito, ela havia morrido.
A
culpa o transbordou, ele chorou sentado no chão do quarto, ao lado do corpo
dela, de mãos dadas. Ele sabia que a amava, e a cada lagrima a imagem dela
vinha a sua cabeça. Ela tinha sido o seu primeiro e único
amor.
Naianara Barbosa Melo
terça-feira, 8 de maio de 2012
Case-se comigo
A
vida dela não duraria muito e ela sabia disso, ela e todos que conviviam com
ela. O câncer a tomava cada vez mais. Ele a amava e chorava só ao lembrar que a
perderia em algum tempo, ele precisava dela.
- Se eu disser que tive que uma ideia,
você me ajuda? – Ele disse a uma amiga.
- O que é?
- Eu quero casar com a Maah, mesmo
sabendo da situação dela.
- Você é louco?
- Eu a amo.
- Tudo bem.
Em
dois dias ele planejou um casamento perfeito, o casamento dos sonhos dela.
Todos sabiam, menos ela. Ele queria que fosse surpresa. Foi chegado o dia, 06/08/2009. Ela já tinha passado por
algumas turbulências na doença e estava no hospital. A amiga foi até ela com um
vestido branco e disse que elas iam sair, ela não entendeu muito bem, mas se
arrumou e foi.
- Onde estamos indo?
- Você verá, Maah.
Essas
foram as únicas palavras, até que pararam na porta de uma igreja. Ela não
entendeu muito bem, mas saiu do carro calada e quando chegou na porta da igreja
foi entregue a ela um buquê de rosas. Ela ficou parada na porta da igreja sem
entender, enquanto sua amiga entrava. Ela olhou pro lado e tinha apenas um
recado:
- Pode entrar, meu amor, esse caminho é
seu.
Ela
foi entrando na igreja e quando se deu conta ele estava parado lá na frente e
ela sorriu. Sorriu e foi caminhando ao seu encontro, como se nada mais
existisse. No meio do corredor ela se sente tonta e tem uma recaída. Alguns
olham preocupados, mas Robert chega e continua caminhando de mãos dadas com ela.
Chegando ao altar ela sorrir.
O
padre começa a falar e ele olha pra ela radiante, ela estava linda. Por um
momento todos se esqueceram da doença que lhes assombrava e perturbava. Todos
sofriam por ela. E então o padre diz:
- Algum dos dois tem votos a fazer?
- Não escrevemos nada. –
Disse ela, envergonhada.
- Calma, eu tenho. –
Ele disse rapidamente. O padre fez sinal com a cabeça e ele começou:
- Hoje é o dia em que minha vida começa,
o dia em que nossa vida começa. E eu estou disposto a lidar com qualquer coisa,
assumir toda responsabilidade e lutar com toda vontade para que sejamos
felizes, meu amor. Eu ainda não acredito que estou aqui te falando isso, não
tive muito tempo pra planejar e certamente estou envergonhado, mas o brilho do
teu olhar me toma e me dá coragem. É hoje o dia em que deixo de viver para mim
e passo a viver para ti, por ti e contigo. Prometo te amar, te respeitar, te
ajudar, viver ao seu lado e para todo sempre com você.
- Eu te amo.
E
sorriram, e se beijaram delicadamente, ardentemente. Eles estavam dispostos a
serem felizes para sempre, mesmo que o destino fizesse com que o “sempre”
acabasse antes do planejado.
Naianara Barbosa Melo
sábado, 5 de maio de 2012
O fim
- O que esta fazendo?
- Pensando.
- Sobre o que?
- A vida.
- Que vida?
- Minha vida.
- O que tem ela?
- Não sei, talvez nada.
- Que clichê.
- Minha resposta?
- Nossa conversa.
- Não te chamei aqui.
- Mas eu gosto de estar aqui.
- Porque?
- Coisas clichês me interessam.
- Que tolo.
(silêncio)
- Porque não vai embora?
- Já disse, gosto de estar aqui.
- Eu to cansada.
- Vai descansar.
- Com você aqui?
- Não tem problema. Cuido de ti enquanto dormes.
- É um tolo mesmo.
- Um tolo que quer estar com você sempre.
- KKKKK
- Porque a risada?
- Tudo tem um inicio, um meio e um fim, até o sempre. Quanto tempo esse vai durar?
- Até a eternidade.
- Ela também tem um fim.
- Não precisa ter.
- Como assim?
- É só não deixarmos ter um fim.
(silêncio)
- Vamos num motel?
- Pra que?
- Pra ter um inicio, um meio...
- E o fim?
- Esse ai a gente decide se vai ser antes ou depois de amanhecer.
- Tá vendo, até isso tem um fim.
- É. Realmente. Mas eu não sei se vai ser o amanhecer de amanhã ou o amanhecer daqui a 30 anos.
terça-feira, 1 de maio de 2012
Ladra de corações
11 de Agosto de 2006
Eu tinha 14 anos quando a
conheci, quem me apresentou foi um dito “amigo”, ela me fazia sentir algo
inexplicável. Ela era bela, suave, me seduzia e me chamava todos os dias. Era
segredo, ninguém sabia desse nosso caso, vinha a ser contra as “normas da
sociedade” uma garota entrar para “esse mundo”. Passamos a nos encontrar as
escondidas todas as noites, eu estava apaixonada por ela, me deliciava em seus
braços e me deixava levar para onde quer que fosse. Sim, ela me tirava desse
mundo, ela me levava para um lugar totalmente inalcançável, só quem já se
apaixonara assim sabe do que eu estou falando. Deixei amigos, abandonei
estudos, mudei de vida por ela. Dediquei-me somente a ela, pois ela era tudo
que eu precisava.
Passei a pegar coisas de casa,
quase matei minha família, era um amor inexplicável o que eu sentia por ela,
era uma necessidade irreconhecível. Eu já não tinha vida, minha vida era ela
apenas. Vivia para ela e por ela. Hoje tenho 19 anos e estou numa casa de
recuperação, internada, sem muitos anos de vida pela frente. Todos esses 5 anos
foram vividos para ela e agora ela me abandonou. Estou sozinha. Não tenho família,
não tenho amigos, não tenho nem ela. Ela agora deve estar fazendo outra pessoa
se apaixonar e enlouquecer por ela – como eu queria poder dizer a essa pessoa
que ela o deixará também. –, que cretina. Ela me roubou de mim. O nome dela? C-O-C-A-I-N-A!
Naianara Barbosa Melo
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