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sábado, 3 de março de 2012

Te protegerei, pequena



Estavamos no fundo da loja. O papai tinha te dado duas moedas e você as escondia num espaço no balcão, dizia que estava guardando para comprar uma cidade. - Ele riu - Os ladrões entraram, eles já falavam mas você não prestava atenção, até que sacaram uma arma. Já tinham pego o dinheiro e tentavam tirar o relógio que a mamãe tinha dado ao papai, mas você sabe que ele não daria, e foi assim que deram um tiro nele. Você ouviu o barulho e correu em direção ao papai, mas...
"Eu lembro disso..." - Disse ela com a voz fraca. - "Eu tentava chegar ao papai mas não conseguia me mover."
"Não conseguia porque eu estava te segurando. Com uma mão na sua boca e te puxando para trás com o outro braço, rezando para que você ficasse ali." - Disse ele com os olhos cheios de lágrimas, e continuou - "Eu queria que você continuasse como naquele dia. Calada, quieta e a salvo, mas você não é nada disso, você é barulhenta e insistente, e isso me assusta um bocado. Não iria te ligar pra dizer que tinha levado um tiro, quem te protegeria? Não iria te falar da minha dor, não poderia." - E abraçando ela, falou tão baixo que mal ela conseguiu ouvir - "Eu não quero que saiba o que é dor, minha pequena. Não quero que a conheça." - E ficaram ali abraçados, em silêncio, perdidos em seus pensamentos.


Naianara Barbosa

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