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sexta-feira, 2 de março de 2012

O cego



Hoje seria mais um dia comum, a não ser por uma cena. Caminhando vagamente com um saco com alguns ovos na mão, passava por uma das ruas em que normalmente passo e vi uma cena intrigante, um homem totalmente parado na esquina da rua. Não é besteira minha. As pessoas se moviam, mas ele estava imóvel. A única coisa que se movia era sua boca, ela mascava um chiclete. Até que percebi, era um cego a espera de algo desconhecido. E ao mascar o chicle parecia que ele sorria e deixava de sorrir, sorria e deixava de sorrir, simultaneamente. Até que houve um estrondo e ouviu-se gritos. O cego tentava agarrar o que estava acontecendo com as mãos. Com o susto, o saco que estava em minhas mãos caíra e os ovos se quebraram, adiantei o passo em direção a minha casa, mas ainda pensava naquele cego. Ele apenas mascava um chicle, no vazio da escuridão. Talvez ele ate já tenha se acostumando a viver com isso, mas me veio a mente quantos outros cegos existem e como o mundo é perigoso para tal. Me prendi a uma realidade, a minha realidade e parei de dar atenção ao mundo e ao que se passava nele. Passei horas pensando naquele cego e quando vi já era noite, minha mãe me chamava para o jantar. Com um sorriso no rosto, sentei e vi que não era tão ruim assim a minha vida. Conversando e brincando a mesa, me mostrava feliz e satisfeita, mas sabiam os outros que a cada minuto aquele cego me vinha a cabeça.

Naianara Barbosa ₪

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