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segunda-feira, 12 de março de 2012

Procura abstrata


Sentada no quarto ela se via pensando em tudo que a levava a fazer loucuras diárias. Sentia-se fraca por não poder se defender de si própria e por mais que procurasse ajuda, nada seria capaz de lhe tirar a dor que sentia. Aquela dor que corroia, doía, e ia rasgando o seu peito pouco a pouco, abrindo crateras gigantescas e ferindo o seu sentimento. O que um mal amor pode lhe causar, pequena. Ela pensava em todos os que passaram por sua vida, todos que a magoaram de certa forma, todos que um dia não a entenderam e a julgaram assim, sem nem se colocar no lugar dela. Normalmente os humanos agem assim, apenas julgam, mal agem como humanos, nem como bichos. Agem como indiferentes, desconhecidos. E por isso ela se via com o sangue escorrendo, na esperança de todo sofrimento ir junto com uma parte de si, já que as lágrimas não adiantavam mais. Por mais que chorasse, era como se toda dor continuasse a correr por todas as veias presentes no seu corpo. E teve uma hora em que ela resolveu jogar a toalha, parar de correr atrás, seguir seu caminho sem nenhuma daquelas pessoas que um dia te iludiram. Sim, era uma causa perdida. Não tinha mais porque correr atrás, sentir falta, ligar, se não era retribuída, em troca era ignorada. Depois de ter chorado todas as lágrimas que podiam sair do seu corpo frio e sem proteção, viu-se cansada de tudo que estava acontecendo, de todos os fatos mal resolvidos e amores não correspondidos que um dia resolveram passar por sua vida. Sim, ela se viu cansada de lutar pelo que não valia a pena, e ai desistiu. Mesmo sem nenhuma base, sem nenhuma mão amiga, resolveu continuar seguindo, tentando levar a sua vida da forma mais preta e branca possível, sem amigos, sem romances, sem o risco de se decepcionar novamente. Não existia mais a vontade de nada, e ela sabia disso. Ela sentia em cada parte do seu corpo que as decepções acabaram com sua inspiração, com sua motivação. E ela parou para pensar, e viu que agora sim começaria o verdadeiro trabalho, encontrar esperança onde não parece haver nenhuma.

Naianara Barbosa

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