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terça-feira, 15 de maio de 2012

Era uma vez a paz


Era uma vez Pedro. Era uma vez Paulo.
Paulo tinha 9 anos, Pedro tinha 10. Paulo queria ser médico, Pedro queria ser advogado. Paulo gostava de banana, Pedro de maça. Paulo ouvia todos os tipos de musica, Pedro gostava de ler. Nada compatibilizava, nada tinham em comum.
No meio deles existia um abismo profundo, eles se odiavam. Vivam brigando, nem se olhavam ou então era motivo de briga. Se Paulo olhasse para Pedro, era briga, se Pedro não olhasse para Paulo, era mais uma briga, nada estava bom e a cada dia o abismo só aumentava.
Os anos se passaram e o ódio entre eles crescia conforme a idade ia aumentando, iam surgindo novos problemas e uma reconciliação era algo impensável. Os pais de Paulo não falavam com os pais de Pedro e nem os pais de Pedro falavam com os pais de Paulo porque os filhos deles simplesmente não se gostavam. E isso ia acarretando toda a família. Os tios de um não falavam com os tios do outro, os primos de um não falavam com os primos de outro. Os amigos de um tinham que ser inimigos do outro e isso só se alastrava. A rivalidade entre as famílias era grande, porém, não existia um motivo para isso.
Durante décadas essa briga se alastrou. Pedro já usava armas, Paulo também. Pedro criou um exercito com todos que estavam do lado dele, com mais de dois mil homens. Paulo também. Pedro tinha canhões, Paulo tinha metralhadoras, Pedro tinha bombas que certamente causariam um enorme estrago, Paulo também as possuía. E então, houve a guerra. Depois de tantas provocações durante anos, eles não conseguiram evitar. As pessoas se odiavam, o país tinha se dividido em dois. Tudo por causa de Pedro e Paulo. Então foi construído um muro que dividia o pais em duas partes. A parte de Pedro e a parte de Paulo.
Eles tiveram filhos, netos e bisnetos. A família crescia, e a rivalidade entre elas seguia durante décadas. Eles estavam bem assim.
Certo dia Paulo, com seus 78 anos sentou em um lado do muro e quando olhou para o lado, avistou Pedro. Eles se olharam por um tempo e pensaram no que fizeram durante todos esses anos. Paulo não se tornou médico, muito menos Pedro um advogado. Eles se dedicaram apenas a destruir o outro e acabaram se autodestruindo.  Estavam cansados de tanta rivalidade, e depois de todos os anos passados, houve uma coisa inesperada. Eles sorriram um para o outro. Estavam decididos a acabar com essa rivalidade que nem sequer tinha motivo.
Foi derrubado o muro.
E junto com ele todos os palavrões, todas as indiretas, todos os ataques, todas as ameaças. Eles queriam começar uma nova vida, mesmo que não fosse tão nova assim já que estavam um pouco acima da idade. Mas se eles queriam mudar o futuro, teriam que abandonar o passado e foi isso que eles fizeram. Na frente de todos, da parte de Pedro e da parte de Paulo, todos os filhos, primos, tios, amigos, amigos de amigos, conhecidos, e apenas seguidores que apoiavam a um dos dois, eles se abraçaram.
Se era mudança que eles queriam, teria que partir deles o primeiro passo, e foi isso que fizeram.

Naianara Barbosa 

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