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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Acordo inútil, merda


Fiz então um acordo com a dor: Trocamos de lugar. Eu te faço mal agora, eu te faço chorar, eu te faço enlouquecer dentro de si. Ela riu de mim e disse que não fazia tão mal assim a ninguém, mas aceitou.
Três dias foram suficientes para que ela se arrependesse de ter aceito. Ela implorou para me fazer desistir de manter o desafio, para voltar ao seu lugar. Ela se ajoelhou e chorou, e se arrastou pelos cacos no chão, grudada aos meus pés. Olhei ela e senti – não sede de vingança – mas, pena. Aquelas dores eram minhas, ela não precisava senti-las, apenas eu. Então troquei os papéis de novo. Voltei a sentir minhas próprias dores, e vi a dona Dor ir embora, sem sentir nada, fazendo apenas o seu papel: Machucar a vida das outras pessoas, mas não a dela. Não, a dela não. E, eu bem sei, ela nunca mais aceitaria nenhum desafio.

              – Fiz então um acordo como sorriso: Apareça, meu querido, apesar de qualquer coisa.

Naianara Barbosa


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