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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Negritude à flor da pele


Sim, SOU NEGRO, não desacredite no que digo, feche os olhos e verá. Tu és também! N-E-G-R-O, sabe o que é? É ser duro, é ter raça, é ter vontade e sangue quente na veia. – Ele gritava desenfreadamente pela rua, com uma placa na mão e com tinta preta escorrendo pela pele – negro, filho do homem, negro. Olhe pra mim, olhe pra você. NEGROS! Iguais. – Saía mostrando à todos que era negro, apesar de ser um branco de olhos claros e cabelos lisos, ele acreditava no que dizia – HAHAHAHA, deves me achar louco, piradinho, não é? Só porque tenho essa cor, não quer dizer que sou branco. Quem são os brancos? Nada contra eles, mas olhe onde nascemos, isso é o Brasil, isso é um funil, nada disso cabe no que o mundo lá fora espera, ninguém aqui é branco, brancos são os de fora, os que vêm aqui conhecer nossas praias. Nós? Nós somos negros, pretos, audaciosos e vertiginosos, nós que temos no sangue o que vem sido passado à décadas, nós que cultivamos o que aprendemos das outras gerações, e nós mesmos que jogamos isso fora. Nós que revolucionamos o mundo! Nós que fizemos parte dele de qualquer forma possível e impossível! Nós, apenas nós! – E corria pelas ruas, desenfreado e com o suor pingando, seu sangue latejando e sua garganta quase explodindo de tensão – Sou negro e grito diante de todos, sou negro e não nego, sou negro e tenho orgulho, porque não basta ter a cor para ser negro, tem que ser o centro, tem que dar 100% do que se faz. Porque é sendo negro que se é humano! – E abriu os olhos e se viu no seu quarto, desesperado, era ele branco, negro, índio, mistura de todas as raças, era ele a cara do Brasil, o tal menino do Rio que cresceu querendo falar o que sentia. 

Naianara Barbosa Melo

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