Eu estou ouvindo... Milhões de
vozes ecoam dentro da minha cabeça e todas dizem a mesma coisa. Sinto que a
cada passo que dou, estou mais perto dessas vozes, no entanto, elas continuam
longe. Tive que me afastar de todas as pessoas, e seguir para um novo mundo,
destinada a encontrar outras pessoas que um dia fizeram parte do meu cotidiano
e se perderam no meio do caminho. Sim, elas também tentavam encontrar de onde
vinham essas vozes, também sentiam no seu corpo o quão era preciso encontrar o
caminho que levava até essas vozes, mas se perderam. Eu sou o sétimo, o último
que pode ouvir as vozes, o ultimo que será enviado a fim de encontrar os outros
seis. E se eu me perder também? E se eu acabar desistindo? Não sei o que estar
por vir. Não sei para onde vou, existem milhares de caminhos.
Duas semanas e vi que o que tem
aqui não é tão pior quanto imaginava, mandaram-me com uma alma repleta de poder
e tudo que esta contra mim é abatido aos meus olhos. Mas e os outros? Não os
encontrei, não sei por onde podem estar, estou disposto a encontrá-los, no
entanto procuro numa vastidão de quilômetros e não os acho, nem os sinto, nem
os ouço. Suas vozes sumiram, seus poderes acabaram, estão incomunicáveis. Estou
numa guerra. Existem inimigos que eu não sabia, de sete eu consegui destruir
seis, falta um. No entanto, soube que o meu irmão também foi mandado, porque
não o sinto? Preciso vê-lo.
Mas não o verei, ele se foi, assim como os outros.
Samuel o matou, ele matou todos os seis.
Cá estou eu, frente a frente com
o ultimo dos meus inimigos. Samuel. O olhar frio dele me dá arrepios, mas eu
sei que essa luta já esta cravada e eu tenho que terminá-la. Dei tudo de mim
para que ele fosse o ultimo destruído e que assim a minha missão estivesse
cumprida, porém uma coisa não estava nos meus planos. As suas ultimas palavras
foram: “Não quero lutar com você. Nos impuseram regras e temos que segui-las,
mas elas não fazem o menor sentido. Você veio atrás dos outros e nada encontrou,
eu também vim e nada do que eles me disseram eu encontrei. Eu me libertei, eu
sou livre para fazer o que quiser, e você ainda esta nesse mundo porque? Você
me conhece, eu não vou te matar como fiz com os outros. Eu matei todos os
cinco, restam eu e você. Eu matei Samuel. Eu te amo como um irmão, eu te ensinei
tudo que você sabe, DIGA O MEU NOME!” “Miguel...”, sussurrei. Não acreditava
que o meu irmão tinha matado todos. Fui consumido por um ódio ardente e todos
os passos que dei em direção a ele eu saberia que seriam os últimos, não podia
deixar ele ficar daquele jeito, o que ele tinha se tornado? E então eu o matei.
O sexto enviado. O meu irmão. O ultimo dos meus inimigos.
Apesar disso não me via como
esperava, eu estava sem o meu irmão. E no alto de um prédio olhei para baixo e
vi que nada podia ser tão doloroso quanto a morte. De costa para a escuridão
assustadora, no alto da grade que cercava a torre mais alta do prédio, braços
abertos, a chuva molhando todo o meu rosto e me deixando pesado, o coração
batendo fraco, o sangue correndo forte... Tudo isso em um segundo, até que me
deixei cair. Cair era a ultima coisa que um anjo poderia fazer. Sem asas, não
teria mais para onde ir, era o fim. E agora a voz ainda ecoa na minha cabeça
enquanto caio, mas pela primeira vez, é a minha voz que eu ouço. Eu desisti. Me
perdoe.
Naianara Barbosa
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