Sim, SOU NEGRO, não desacredite no que digo, feche os olhos
e verá. Tu és também! N-E-G-R-O, sabe o que é? É ser duro, é ter raça, é ter
vontade e sangue quente na veia. – Ele gritava desenfreadamente pela rua, com
uma placa na mão e com tinta preta escorrendo pela pele – negro, filho do
homem, negro. Olhe pra mim, olhe pra você. NEGROS! Iguais. – Saía mostrando à
todos que era negro, apesar de ser um branco de olhos claros e cabelos lisos,
ele acreditava no que dizia – HAHAHAHA, deves me achar louco, piradinho, não é?
Só porque tenho essa cor, não quer dizer que sou branco. Quem são os brancos?
Nada contra eles, mas olhe onde nascemos, isso é o Brasil, isso é um funil,
nada disso cabe no que o mundo lá fora espera, ninguém aqui é branco, brancos
são os de fora, os que vêm aqui conhecer nossas praias. Nós? Nós somos negros,
pretos, audaciosos e vertiginosos, nós que temos no sangue o que vem sido
passado à décadas, nós que cultivamos o que aprendemos das outras gerações, e
nós mesmos que jogamos isso fora. Nós que revolucionamos o mundo! Nós que
fizemos parte dele de qualquer forma possível e impossível! Nós, apenas nós! –
E corria pelas ruas, desenfreado e com o suor pingando, seu sangue latejando e
sua garganta quase explodindo de tensão – Sou negro e grito diante de todos,
sou negro e não nego, sou negro e tenho orgulho, porque não basta ter a cor para
ser negro, tem que ser o centro, tem que dar 100% do que se faz. Porque é sendo
negro que se é humano! – E abriu os olhos e se viu no seu quarto, desesperado,
era ele branco, negro, índio, mistura de todas as raças, era ele a cara do
Brasil, o tal menino do Rio que cresceu querendo falar o que sentia.
Naianara Barbosa Melo
Muito legal, curti D+++...
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