Estilhaçou-me então como caco de vidro envergado no chão e
me pus a cantar para que a dor fosse amenizada, nada adiantou. Sentia a
contração dentro d’alma que floresceu quando meus olhos, inseguros, encontraram
os teus. E num segundo depois te vi partir, me vi sentir que não estaria mais
ali. Fora sequestrada de mim sem perceber, e ao percorrer os olhos pelo saguão
vazio, cada passo trazia o eco da agonia de estar ali desacompanhado, e antiquado
como sou, não resisti e dancei a mais bela melodia que saia do timbre da sua
voz. Invadia-me então de forma surpreendente cada palavra que saia por tua boca
e que quebrava a barreira do silêncio, e dancei, e dancei, e dancei... Até
cansar e cair, e morrer, e continuar vivendo.
Naianara Barbosa Melo
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