Fiz então um acordo com a dor: Trocamos de lugar. Eu te faço
mal agora, eu te faço chorar, eu te faço enlouquecer dentro de si. Ela riu de
mim e disse que não fazia tão mal assim a ninguém, mas aceitou.
Três dias foram suficientes para que ela se arrependesse de
ter aceito. Ela implorou para me fazer desistir de manter o desafio, para
voltar ao seu lugar. Ela se ajoelhou e chorou, e se arrastou pelos cacos no chão,
grudada aos meus pés. Olhei ela e senti – não sede de vingança – mas, pena.
Aquelas dores eram minhas, ela não precisava senti-las, apenas eu. Então
troquei os papéis de novo. Voltei a sentir minhas próprias dores, e vi a dona
Dor ir embora, sem sentir nada, fazendo apenas o seu papel: Machucar a vida das
outras pessoas, mas não a dela. Não, a dela não. E, eu bem sei, ela nunca mais
aceitaria nenhum desafio.
– Fiz então um acordo como sorriso: Apareça, meu querido,
apesar de qualquer coisa.
Naianara Barbosa
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