Era uma vez Pedro.
Era uma vez Paulo.
Paulo tinha 9 anos,
Pedro tinha 10. Paulo queria ser médico, Pedro queria ser advogado. Paulo
gostava de banana, Pedro de maça. Paulo ouvia todos os tipos de musica, Pedro
gostava de ler. Nada compatibilizava, nada tinham em comum.
No meio deles existia
um abismo profundo, eles se odiavam. Vivam brigando, nem se olhavam ou então
era motivo de briga. Se Paulo olhasse para Pedro, era briga, se Pedro não
olhasse para Paulo, era mais uma briga, nada estava bom e a cada dia o abismo
só aumentava.
Os anos se passaram e
o ódio entre eles crescia conforme a idade ia aumentando, iam surgindo novos
problemas e uma reconciliação era algo impensável. Os pais de Paulo não falavam
com os pais de Pedro e nem os pais de Pedro falavam com os pais de Paulo porque
os filhos deles simplesmente não se gostavam. E isso ia acarretando toda a
família. Os tios de um não falavam com os tios do outro, os primos de um não
falavam com os primos de outro. Os amigos de um tinham que ser inimigos do
outro e isso só se alastrava. A rivalidade entre as famílias era grande, porém,
não existia um motivo para isso.
Durante décadas essa
briga se alastrou. Pedro já usava armas, Paulo também. Pedro criou um exercito
com todos que estavam do lado dele, com mais de dois mil homens. Paulo também.
Pedro tinha canhões, Paulo tinha metralhadoras, Pedro tinha bombas que
certamente causariam um enorme estrago, Paulo também as possuía. E então, houve
a guerra. Depois de tantas provocações durante anos, eles não conseguiram
evitar. As pessoas se odiavam, o país tinha se dividido em dois. Tudo por causa
de Pedro e Paulo. Então foi construído um muro que dividia o pais em duas
partes. A parte de Pedro e a parte de Paulo.
Eles tiveram filhos,
netos e bisnetos. A família crescia, e a rivalidade entre elas seguia durante
décadas. Eles estavam bem assim.
Certo dia Paulo, com
seus 78 anos sentou em um lado do muro e quando olhou para o lado, avistou
Pedro. Eles se olharam por um tempo e pensaram no que fizeram durante todos
esses anos. Paulo não se tornou médico, muito menos Pedro um advogado. Eles se
dedicaram apenas a destruir o outro e acabaram se autodestruindo. Estavam cansados de tanta rivalidade, e
depois de todos os anos passados, houve uma coisa inesperada. Eles sorriram um
para o outro. Estavam decididos a acabar com essa rivalidade que nem sequer
tinha motivo.
Foi derrubado o muro.
E junto com ele todos
os palavrões, todas as indiretas, todos os ataques, todas as ameaças. Eles
queriam começar uma nova vida, mesmo que não fosse tão nova assim já que
estavam um pouco acima da idade. Mas se eles queriam mudar o futuro, teriam que
abandonar o passado e foi isso que eles fizeram. Na frente de todos, da parte
de Pedro e da parte de Paulo, todos os filhos, primos, tios, amigos, amigos de
amigos, conhecidos, e apenas seguidores que apoiavam a um dos dois, eles se
abraçaram.
Se era mudança que
eles queriam, teria que partir deles o primeiro passo, e foi isso que fizeram.
Naianara Barbosa
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